O apito de trem!

Recentemente, no espaço cultural “Dr. Frango”, trocamos “figurinhas”: Celina Maria Coelho e eu. Na troca, os livros “Viagem no vagão da Lia”, da autora supracitada e “Metalinguagem feminina”. Momento de descontração e descobertas entre nós.

A autora da obra, Celina Maria Coelho, oferta-nos a saga de Maria de Oliveira, "Lia do vagão", capixaba, em sua trajetória pelas terras de Minas. A personagem após arrematar um vagão de trem, ali fez sua morada, erguendo uma casa ao lado e recepcionando a todos. Recebia e doava objetos; comercializava reciclados e utensílios sem valia para alguns, mas que de muito representavam e encantavam a outros. Narrativa, ímpar!

“Lia do vagão”, em seu entorno, plantou sensibilidade, regou metáforas e adubou criatividade. Cultivou, criou animais, adornou, colheu encantamentos e reconhecimento, e fez de seu espaço uma oficina de magia, uma alquimia de coisas, um museu, em Contagem – Minas.

Mas agora, tecerei mais comentários sobre a criadora da célebre protagonista ecológica, para aguçar a curiosidade de vocês em lerem a obra, ou melhor, tomarem assento nessa viagem em companhia de Celina e Lia.

A formadora dessa obra literária, Celina, naquele momento de trocas, de rara oportunidade cultural nos dias de hoje, oportunizou-me o deleite de um “flash back” à minha infância, enquanto saboreávamos de suas palavras e bebíamos de seus conhecimentos.

Mineira de Divinolândia – MG, essa escritora nos passa carisma, competência, persistência e desejo de mais prestar homenagem à amiga, personagem, que lhe confidenciava os acontecidos para que seu registro fosse cada vez mais fidedigno, que outra exposição de mídia.

Mais depois, ao folhear seu livro e conhecer os capítulos demarcados pela Estação, Embarque, Dormentes, Trilhos, Foguistas, Torniqueiro, Passageiros... pude compreender a importância da homenagem à Lia e da capacidade expositiva da escritora, Celina. Picumã, história do porco pintado descendo nas enchentes do Rio das Velhas sobre troncos de bananeiras, o pé de caqui na sala de visitas e outras preciosidades de nossa oralidade recheiam suas páginas.

Reminiscências ... muitas! Essa leitura trouxe-me a imagem dos trens que tanto embarquei e de outros que só os vi, em minha terra - Maria Fumaça – por exemplo. Relembro agora, de seu virador, de sua caldeira, de sua fuligem, de sua fumaça, de seus vagões ... e do anúncio de sua chegada:

O apito de trem!

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Celina Maria Coelho, Maria de Oliveira - "Lia do vagão", Contagem, Rio das Velhas, Viagem no vagão da Lia, Metalinguagem feminina, Maria Fumaça.