A PROTAGONISTA ANTI-AMAR

Marcie tinha um jeito todo dela. Na época da faculdade tirava notas altas pelo método tradicional: estudando. Toda esquisita ela era. Mas era um esquisito todo dela. A risada? Ninguém tinha. Também ninguém dizia pra ela que aquela forma engraçada de rir pra valer, era linda. Aos finais de semana Marcie bebia uns drinks com seus poucos – mas bons – amigos. E nestes momentos de companhia boa é que ela sentia o sentido da vida. Marcie escondia seus reais pensamentos debaixo do volume do cabelo belamente desenhado com cachos, e fazia de conta que não amava ao esconder os sentimentos num coração bem guardado sob o casaco azul.

Por vezes se expressava nas letras, nos desenhos, nas fotografias ...

Mas ela mesma não se via, e desistia.

Marcie era poesia e não sabia.

Alguém um dia roubou dela a ousadia,

Era difícil fazê-la acreditar que a pena valeria.

Penosa é a vida sem amar ninguém. E Marcie pensava nisso também. Havia ela se perdido de si mesma? Talvez ela já nem soubesse quem era. Talvez eu não soubesse. Talvez Marcie nem fosse o seu nome. Apenas parte da minha inspiração que some. Dos Causos que Conto, Marcie era a mais enigmática das descrições, mas emudecia os socorros nas suas raras aparições.

- Dias cinzas fazem meu coração estranhamente sorrir!

- Você é esquisita Marcie. Assim não consigo escrever você.

No fundo eu sabia que a tristeza também podia ser bela. Mas ninguém sorria como ela. Ela, não sabia ...

Enquanto isso, eu não escrevia!

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 25/06/2015
Reeditado em 25/06/2015
Código do texto: T5289693
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.