Minha querida cadeira.

Era uma simples cadeira. Ninguém a percebia, exceto quando precisavam pegar algo ao alto, pois era velha conhecida e não havia qualquer problema em pisar um "pouquinho", como diziam. Mas para ela, aquilo já estava passando dos limites. Ninguém a perguntava como se sentia, nem se importavam com o seu estado depois de ser trocada por cadeiras novas ou mesmo vinham conversar sobre qualquer assunto que amizade de tanto tempo merecia conservar.

Com o passar dos anos, a senhora cadeira foi percebendo que não havia mais motivo para continuar ali, percebeu que seu carinho por eles era verdadeiro porém não era recíproco. Fugiu de casa. Na rua, percebeu um outro mundo, novos companheiros, agora honestos, pois mesmo que com dificuldades tudo dividiam com ela e seus problemas eram ouvidos, sua fome de amor estava sendo saciada. Mas era tão frio, todos a sua volta quase congelavam todas as noites, assim como ela. Pensou no sacrifício... sua madeira seria tão útil. Mas os amigos contestaram e a impediram de cometer tal ato.

Dias se passaram e aquela ideia não saía de sua mente e foi então que voltou a sua antiga casa e pediu um último favor ao seu antigo dono. "Divide-me em vários pedaços e leva-me aos meus companheiros, para que assim possam se aquecer. Isto, e somente isto, é o que lhe peço que faça e cumpra". Assim fora feito e aquela velha madeira, que para uns era apenas mais um objeto e para outros era uma incrível parceira, tornou-se luz e calor por muitos dias, deixando sair algo muito precioso que tinha... a esperança de que todos podem encontrar alguém para amar e ser amado.

Laura Cardoso
Enviado por Laura Cardoso em 12/05/2015
Reeditado em 02/01/2016
Código do texto: T5238954
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