PEQUENO CONTO.


       Era manhã de agosto,o vento frio castigava a fina pele de Zita,arrumar a igreja era uma obrigação,padre Livio gostava da igreja limpa, Deus merecia um ambiente adequado,a casa de Deus precisava ser isenta de poeira,lá fora uma rua de terra,meio palmo de poeira fina e vermelha esperava a boca do vento para alçar voo.Galdino sortia a venda,os fiéis tinha fome,e decerto iria comprar quitandas,jogar uma sinuca,afinal em dias de festa um pouco de lazer caia bem.A manhã passou voando,o jipe roncou lá longe,em pouco tempo padre livio estava na porta de Zeca pinto,ia descer com sua batina preta,sua face vermelha,povo de outras raças tem a difereça a flor da pele,a fala enrrolada,descerto iria entrar,comer quitanda com café,atravessar a rua e correr o olho na igreja,Miranda não aparou a grama do adro,o portão estava descascado e a ferrugem era visível,Zita fazia estas observações calada,o olho de padre Livio é o olho de Deus,tudo vê,a diferênça é que ele cobra,e Deus só anota para cobrar depois, a caderneta de Deus é mais preguiçosa.Aos poucos o povo foi chegando,a igreja ia inchando de tanta gente,os santos iam alegrando,tudo uma maravilha,Zeca Pinto badalou o sino,Deus seja louvado, o sino repimba,a fé fica mais aguda quando os ouvidos bebem o som unico do bronze.lá fora, um moço jovem, de vestes sujas,chapéu de palha,montava um alazão,rodopiava,gritava impropérios,tentou adentrar no adro da igreja,padre Livio chegou a porta,viu o demo no olho do jovem,o coisa ruim está no corpo do infeliz,traga o cordão de são Francisco,Zita foi a sacristia,pegou o barbante bento,padre Livio lançou sobre o jovem,amarrou pelo braço,o jovem uivava feito lobo,pulava,ameaçava,qual é teu nome o padre perguntava,o jovem espumava a boca,lá no fundo uma voz dizia,viajem longa.Saia deste corpo,sua casa é o inferno,largue este corpo,este pudim de cachaça,ele a Deus pertence,e vós ao diabo,o jovem abrandou,e a missa foi reiniciada,a igreja cantava hinos de louvor, a missa chegou ao final Deus seja louvado,
padre Livio foi embora,está história ficou registrada,até viajem longa está vivo nas memórias, padre Livio entregou a alma a Deus,Zeca pinto não da conta de mais nada,Zita está bem velha,não cuida da igreja,padece de esquecimento,mas está história ficou gravada nos arquivos do arraial,
se é verdade não sei,apenas repasso como verdade absoluta,meus antepassados precisa ser respeitados,o Jovem ainda vive,trata-se de Morrato Silva Santos,hoje velho ,todo cortado pela cachaça,lenda viva,não sai mais de casa,não monta cavalo,portador de artrose,reza terço e breviário,
e me diz com certeza que viajem longa,era uma alma penada,que bebia no seu copo a mesma cachaça,está história lembrei e deixo aqui registrada,
é apenas um pequeno sopro que deixo do meu passado.
Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 05/05/2015
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