ZÉ PELUDO
Meu falecido marido contou-me o seguinte fato ocorrido em sua cidade natal, Bragança Paulista, SP, quando ele era ainda um adolescente.
Visitava a cidade um daqueles circos mambembes que costumam percorrer o interior do Brasil.
Era semana santa e os donos do circo decidiram encenar a paixão de Cristo. Aconteceu que o ator designado e ensaiado para o papel do Salvador adoeceu, e de última hora tiveram que procurar alguém na cidade que o substituísse. Como esse papel praticamente não tem falas, acharam facilmente um voluntário. Era um jovem um tanto tolo, apelidado de Zé Peludo, por ter muitos pelos no corpo.
Seu nome não foi revelado ao público. Mantiveram-no confidencial, pois acreditavam que com a distância da platéia não seria reconhecido.
Na sexta-feira santa, o circo lotado, o público compenetrado e em silêncio, começou o espetáculo. Transcorreu solene como deve ser esse drama, até que, ao levantarem a cruz com o Cristo amarrado a ela e portando somente um pedaço de tecido a lhe cobrir o quadril, em meio ao silêncio que a cena impunha, eis que um gaiato, lá atrás, na platéia, grita:
"Mas é o Zé Peludo!"
O público, que o conhecia, irrompeu em risada, assobios, apupos.
E o que era para ser uma compungida cena bíblica, se tornou uma grande comédia.
Meu falecido marido contou-me o seguinte fato ocorrido em sua cidade natal, Bragança Paulista, SP, quando ele era ainda um adolescente.
Visitava a cidade um daqueles circos mambembes que costumam percorrer o interior do Brasil.
Era semana santa e os donos do circo decidiram encenar a paixão de Cristo. Aconteceu que o ator designado e ensaiado para o papel do Salvador adoeceu, e de última hora tiveram que procurar alguém na cidade que o substituísse. Como esse papel praticamente não tem falas, acharam facilmente um voluntário. Era um jovem um tanto tolo, apelidado de Zé Peludo, por ter muitos pelos no corpo.
Seu nome não foi revelado ao público. Mantiveram-no confidencial, pois acreditavam que com a distância da platéia não seria reconhecido.
Na sexta-feira santa, o circo lotado, o público compenetrado e em silêncio, começou o espetáculo. Transcorreu solene como deve ser esse drama, até que, ao levantarem a cruz com o Cristo amarrado a ela e portando somente um pedaço de tecido a lhe cobrir o quadril, em meio ao silêncio que a cena impunha, eis que um gaiato, lá atrás, na platéia, grita:
"Mas é o Zé Peludo!"
O público, que o conhecia, irrompeu em risada, assobios, apupos.
E o que era para ser uma compungida cena bíblica, se tornou uma grande comédia.