Os dólares no Pará...
Os dólares no Pará...
Não me recordo muito bem o ano, mas foi entre 1.986 e 1.988 que isso aconteceu. Eu já havia morado em Conceição do Araguaia, no Pará, mas por problemas pessoais tinha voltado a morar no interior de Santa Catarina e todos os anos eu fazia com que minhas férias do trabalho me fossem concedidas no mês de julho, assim fugia do frio e passava um mês nas belas praias do rio Araguaia em Conceição, e Isso se repetiu por muitos anos.
Em um desses anos eu tinha um Chevette ano 1.982, arrumadinho o carro, mas como eu iria passar 30 dias no Pará, não quis deixá-lo parado desvalorizando, então pensei em vendê-lo e na volta compraria outro carro ou uma moto. Foi o que fiz, vendi o possante, mas na minha santa ignorância pensei em comprar dólares, que se valorizavam muito de um mês para outro, assim quando voltasse teria mais dinheiro que os oito mil pelos quais havia vendido. Assim troquei o dinheiro todo por dólares, só notas de cem, joguei o pacote no fundo da mochila e me fui para o Pará com o dinheiro da passagem e mais alguns trocados, feliz da vida...
Chegando lá, tudo lindo e maravilhoso, belas praias, muitos amigos que tinha deixado quando lá morei, meu Pai e meu irmão que também moravam lá, tudo de bom, mas quando acabou o dinheiro que eu havia levado é que o pesadelo começou...como eu iria fazer dinheiro com aqueles dólares? Sem uma casa de câmbio, acho que nem sabiam o que era isso, sem ninguém interessado em comprar, sem nada...eu sem dinheiro para gastar no dia a dia, imaginem então como comprar a passagem para voltar embora, e os dias passando e o sufoco aumentando, a coisa foi cruel e quanto mais os dias passavam mais aumentava a minha incerteza de como resolver aquela situação, como dizem os jovens, foi tenso demais...
Bom, para resumir, o sofrimento foi tanto que já tava emprestando dinheiro do meu Pai para poder voltar, aí por pura sorte, fui apresentado a um médico de Goiânia que também passava férias lá com a família e depois de muita insistência ele resolveu me ajudar me comprando umas notas de dólares, para que eu pudesse voltar para Santa Catarina. Dei graças ao bom Deus por isso, e por muito tempo fiquei grato também ao Dr., Alberto, porque se não fosse por ele aquelas férias teriam sido ainda piores.
Mas no final, fiz um amigo, já que nos encontramos em outras ocasiões lá mesmo nas praias, consegui voltar para casa e ainda com os dólares que restaram, comprei uma super moto, mas essa é outra aventura, que contarei em outra ocasião, se quiserem saber é claro...
Um abraço.
Adilson R. Peppes.