O da garapa

Nisso, seu Miguel chega ao armazém, meio ressabiado:

-"Um pouquito de garapa

Para sossegá essa cabeça aponquentada

Sabe cumé... muié, fio e a endiabrada.

Vixe, que a muié não me larga o pé

Deu pra querê que nóis nus casemos

Tá com o estopô, a danada...

Tô achano que tá embarrigada

Pois vô te dizê, seu moço,

Nessa terra ninguém me amarra

Se me encrespá, largo tudo e pulo fora.

...

É...

Tenho sete fio da primeira e mais cinco da última,

Fora uns pingadinhos aqui e acolá

Nem dá pra dos nome me alembrá

Agora essa menina qué me encolerá

Põe outra...Êitcha, garapa da boa!

Pois eu juro por esse sol que me alumia

Com essa danada não vou fazê covardia

Hômi que é hômi assume seus atos

Ô tô com setenta e oito e ela vinte e quatro

E vô te dizê!

Se o fio vier com minha cara, com ela eu caso

Daquele jeitim, mais ou menos, a gente troca os farrapos

Não dá prá cuidar duma e seguir ca'outra

...

Mais uma garapa mais quente! Hoje o negócio tá bom...

...

Mudando de assunto...

Viu que a viúva do falicido Inácio largô o luto?

Frondosa, a moça,..."

... A essa altura, o ressabiado Seu Miguel,

Mostrava brilho no seu olhar cor de mel.

Marcelo Catunda (31/03/2015)