A Rodinha do Sufoco
Que o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, todos que a visitam concordam. Porém, como todas as grandes metrópoles brasileiras, o Rio padece de sérios problemas estruturais. Um deles é o transporte público. Se hoje os trens e metrôs são completamente lotados e intransitáveis nos horários de pico, no final da década de 1940 não era diferente.
Num belo dia daquela época, um marinheiro se encontrava dentro de um trem lotado sofrendo com uma terrível dor de barriga. O que fazer? Descer na próxima estação e correr para um banheiro? Impossível! A lotação daqueles trens costumava ser tal, que uma pessoa não conseguia se deslocar bem dentro deles até a sua estação de descida. E, a cada parada dos vagões, multidões entravam e saíam alucinadamente, sem dar chance para alguém que não estivesse próximo à porta sequer se mover.
Com uma dor de barriga no meio de todo aquele caos de pessoas, a cidade perdia toda a beleza e o mundo em volta tornava-se sombrio. Eis que o marinheiro sofredor teve uma ideia excêntrica. Escolhendo não sujar as calças, ele decidiu defecar no chão. Porém, havia muitas mulheres ali dentro e, como a respeitabilidade naquela época era muito maior do que atualmente, ele não poderia permitir que elas vissem aquela situação. A solução foi, então, pedir a alguns homens que estavam por perto, depois de lhes dar as devidas explicações, para fazerem uma “rodinha” em torno de si, como um reposteiro que ocultaria seu humilhante infortúnio.
Posicionado no centro da tal “rodinha”, o marinheiro arrancou as calças ao mesmo tempo em que sua diarreia explodiu no piso do vagão. As mulheres não viram nada. Porém, naturalmente o fedor empesteou todo o vagão e todas as pessoas que nele estavam — e eram muitas — souberam do vexame do pobre marinheiro diarreico.
Agora o leitor está convidado a refletir sobre o que faria numa situação como esta: emporcalharia as calças ou o chão, conforme escolheu o protagonista desta história verídica?