O enterro do gato

Causo pra pensar na vida!

Dias atrás, de madrugada, nosso cachorro começou a latir sem parar. Thor é um vira-lata magro e caneludo, pesa uns 10 quilos, tem bigodes e barbicha que lembram um Schnauzer, forçando a imaginação. É o único cão que conheço que balança o rabo em círculos, como um helicóptero. Bom guardião, dá sinal cada vez que nota alguma coisa estranha, mas dessa vez estava bem nervoso. “Deve ser um gambá”, disse à esposa, mas ela resolveu ir olhar de perto. Cinco minutos depois voltou dizendo que o cachorro estava acuando um gato desconhecido, que andava por lá provavelmente para comer os passarinhos que dormem nas árvores do quintal.

No dia seguinte, à tarde, voltando para casa, notei que alguém havia mexido em um canteiro de horta que havia preparado dias antes. Pela manhã, passei por ali meio apressado e não notei nada. A terra estava fofa e adubada, e alguém havia amontoado parte dela. Perguntei à esposa se ela sabia quem tinha feito aquilo, ela disse que não. Perguntei a todos quanto tinham acesso ao quintal, e ninguém assumia a autoria da arte. Fui espalhar a terra de novo e... surpresa! Lá estava um gato enterrado!

Minha mulher está convicta que foi o cachorro que matou e enterrou o gato. Tenho minhas dúvidas, mas se foi o cachorro será que ele encomendou a alma do bichano antes de enterrar? Será que ao menos rezou um Pai Nosso?