Careless Whisper
Em fins da década de 80 estava a morar em Lowell, uma pequena cidade nas cercanias de Boston, no Estado de Massachusetts/EUA, por lá estive cerca de 2 anos. Minha vida, àquela época, era como um veleiro sem rumo, a navegar mares desconhecidos, porém, de vento em popa. Vez ou outra, singrava mar bravio, em meio às tempestades, isto até uma manhã gelada de outubro, quando do outono no hemisfério norte.
Naquele sábado, às 06h45min da manhã, rumava em direção ao trabalho, quando um pneu furado, me fez parar no acostamento da rodovia. Ao sair do carro, tentando entender aquela má sorte, olhei para o firmamento celeste. Mesmo para um brasileiro, há algum tempo em terras estrangeiras, verificar que céu e terra, naquele dia, se misturavam em um mesmo cenário, ecoava em minha mente como algo incompreensível. Na madrugada havia caído uma nevasca, aquele tempo nublado, carregado por nuvens escuras, e a neve acumulada no chão, encontravam-se no horizonte, tornando infindável o alcance da vista. A sensação era de deserto, em cores peculiares, mas não menos abrasador ou cortante.
O desânimo me apoderou, encostei meu corpo na lateral do carro, enquanto a mente vagava bem ao sul do continente, mais precisamente em Belo Horizonte. Não via meus pais, irmãos e amigos há mais de três anos. Quando cheguei a Lowell, viajei de Fortaleza/CE, local para onde havia me mudado anos antes. Aquela sensação de “nada se acha, nada se perde, mas tudo se confunde”, estava a insinuar a retomada do meu caminho para casa. Neste instante um carro parou bem à minha frente, um senhor ao volante então me perguntou: “need help buddy?” “yeahh”, respondi-lhe. Três dias depois, descia de um avião, meio que atônito, no aeroporto de Confins.
Você deve estar se perguntando, “o que essa música, (Careless Whisper de George Michael), têm a ver com o causo?” Nada e ao mesmo tempo tudo, explico: essa era a música que estava a tocar no rádio do carro, quando o abandonei no acostamento da rodovia.
P.S.: “careless whisper”, é o mesmo que, “sussurro descuidado”, em português.
Em fins da década de 80 estava a morar em Lowell, uma pequena cidade nas cercanias de Boston, no Estado de Massachusetts/EUA, por lá estive cerca de 2 anos. Minha vida, àquela época, era como um veleiro sem rumo, a navegar mares desconhecidos, porém, de vento em popa. Vez ou outra, singrava mar bravio, em meio às tempestades, isto até uma manhã gelada de outubro, quando do outono no hemisfério norte.
Naquele sábado, às 06h45min da manhã, rumava em direção ao trabalho, quando um pneu furado, me fez parar no acostamento da rodovia. Ao sair do carro, tentando entender aquela má sorte, olhei para o firmamento celeste. Mesmo para um brasileiro, há algum tempo em terras estrangeiras, verificar que céu e terra, naquele dia, se misturavam em um mesmo cenário, ecoava em minha mente como algo incompreensível. Na madrugada havia caído uma nevasca, aquele tempo nublado, carregado por nuvens escuras, e a neve acumulada no chão, encontravam-se no horizonte, tornando infindável o alcance da vista. A sensação era de deserto, em cores peculiares, mas não menos abrasador ou cortante.
O desânimo me apoderou, encostei meu corpo na lateral do carro, enquanto a mente vagava bem ao sul do continente, mais precisamente em Belo Horizonte. Não via meus pais, irmãos e amigos há mais de três anos. Quando cheguei a Lowell, viajei de Fortaleza/CE, local para onde havia me mudado anos antes. Aquela sensação de “nada se acha, nada se perde, mas tudo se confunde”, estava a insinuar a retomada do meu caminho para casa. Neste instante um carro parou bem à minha frente, um senhor ao volante então me perguntou: “need help buddy?” “yeahh”, respondi-lhe. Três dias depois, descia de um avião, meio que atônito, no aeroporto de Confins.
Você deve estar se perguntando, “o que essa música, (Careless Whisper de George Michael), têm a ver com o causo?” Nada e ao mesmo tempo tudo, explico: essa era a música que estava a tocar no rádio do carro, quando o abandonei no acostamento da rodovia.
P.S.: “careless whisper”, é o mesmo que, “sussurro descuidado”, em português.