DE ANGU A CAVIAR
Na sexta-feira – 15 de março de 2013, houve vários eventos pela conclusão do primeiro estágio dos novos aspirantes do 12BI do Exército Brasileiro e eu estava lá para prestigiar a um sobrinho, um dos concludentes.
Não somente eu, mas a família dele toda e vários de nós, os seus tios. Parecia mais um encontro da família, de tantos que éramos.
Ao final da cerimônia, às 11h40, o mestre de cerimônias, após o comando do Cel. responsável pelo 12RI, anunciou que o comandante convidava-nos a todos para um almoço de confraternização.
Como eu teria que voltar ao trabalho estava interessado em me servir logo. Insisti com alguns, mas a dispersão era grande e não me acompanharam de imediato.
Convidei um irmão, mas ele tinha um “compromisso inadiável”: marcou de apanhar um motor de portão eletrônico em uma loja, ali por perto mesmo, depois das 13 horas.
Mas como assim, não devia ser por volta das 11h45? É que ele tem a mania de chegar uma hora antes nos lugares, não se sabe bem o porquê. Cada louco com sua mania.
Encaminhei para o local determinado, em companhia de outro irmão e de um dos seus filhos e chegamos a um local que sobre o portal de entrada estava escrito: Cassino dos Oficiais. Chamei-os para me acompanhar mas eles se recusaram, pois não acreditaram que poderiam entrar ali.
Depois de insistir com eles, sem sucesso, entrei deixando os dois para trás.
O meu sobrinho foi com o pai dele até uma portinha ao lado, pois achava que lá é que seriam os serviços.
Chegando lá perceberam que se tratava do rancho dos recrutas e ao olhar dentro dos panelões, só viu arroz, angu e feijão. Disse então ao pai dele: “prá cumê angu eu prefiro pegar a minha marmita” e saíram.
Cheguei até a ampla janela do majestoso recém-reformado cassino e os chamei. Vieram rápido e felizes.
Esse meu sobrinho estava meio apagado, apesar da música ambiente instrumental ao vivo. Mas logo os garçons começaram a nos assediar com salgados os mais finos.
Até aquele momento estávamos assentados, quando o João Henrique (sobrinho) percebeu que um garçom vinha servindo cerveja, os olhos dele saltaram sobre a bandeja e, como se as chaves do carrão estivessem fumegando, jogou-as ao colo do seu pai e disse: “ocê é que vai levá o carro”.
A partir daí não era mais o mesmo João Henrique. Ele ficou até mais corado e bonito, fez de imediato uma ligação, não sei para quem e depois comentou entusiasmado: “agora eu quero ficar”.
Enquanto isso o restante da turma estava lá fora esperando que o formando lhes entregasse os convitinhos do almoço, quando um outro sobrinho, o Gustavo, lamentou: “a essa altura o Rafael já está até arrotando”.
Bebi várias taças de cerveja, comi salgados variados, duas porções de caldo de feijão com bastante torresmo e tal.
A certa altura uma garçonete se aproximou e eu perguntei a ela: é de quê? Quando outro irmão, o Luiz ironizou: "num sei purquê que ele tá perguntando, ele vai cumê de qualquer jeito!
Às 12h45 eu me despedi do pessoal e me retirei.
Foi só eu chegar à minha estação de trabalho e o chifrudin do Paulo Tarso (mais um sobrinho), me ligou e falou: “nó Rafa, foi só ocê saí que começou a rolar altos vinhos e uisques. Cê num faz ideia do tamain do camarão que eu tô cumenu". E seguiu-se uma gargalhada.