A Vida....

Vida!

Minhas constatações seriam pesadas e feias, e tu não suportarias apreciá-la.

Ao contrário do que pensas, não sou esta leiga conformada, submissa e recalcada tentando agradar a Deus... Não, se fico abatida é por que é árduo o gesto de tentar mudar a fórmula, já que o teu “x” é maior incógnita que querendo ou não, nos impõem a cada movimento impensado, um “xeque-mate”!

E se penso em mudanças, já muito de mim se manifesta contra!

Contenho-me às suas regras, mas meu silencio não confirma que parei de jogar ou tentar burlar tuas regras!

Na minha idade, não é permitido correr riscos e nem arriscar outras jogadas, mas ainda posso chorar e sorrir, dizer e calar, negar e jurar, cantar e dançar e virar o tabuleiro em todas as estações...

Ah, imagina se nos dias não houvesse outonos!

Uma eterna primavera de flores e perfumes enfadaria com certeza, e pensando nisto, sei que ainda posso surpreendê-la mais que tu a mim, vida.

Meus momentos de isolamento e clausura são pérolas raríssimas e este tempo de estio me é imprescindível, pois neles cresço, aprendo de ti, e se ando pesada,

é por que estudo o movimento final pra resolver teu “X” sem alterar minha própria questão...

Mas me deixe assim...

Sou eu quem tem de prosseguir nesta marcha cuidadosa, pois é necessário não deixar rastros ou impressões que tu descubras!

Tenho ainda o ímpeto de ser maior que isto vê, mas dissimulada me reprimes aos desejos, castra os sonhos impondo-lhe limites...

Saibas que este meu silencio apaziguador conspira incansável.

Esta falsa morte é meu melhor refúgio neste momento em que sinto frio e fome, mas nunca estou só, e jamais fraca!

É apenas um tempo de estio que o “X” do teu jogo me doa como trégua.

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 03/06/2007
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