Astuciosa Amelinha

O olhar inquiridor de Amelinha dizia muito além das entrelinhas. De modo a indagar: - posso lamber a massa depois que a senhora acabar ? Bem, o propósito era lamber. Lamber aquilo, lamber a kilo! ... que bom seria, ou, seria bão?. Amelinha, a boa menina que pulava amarelinha e nem 'pintava o sete'. Parecia até pivete em porta de trem. Vivia com as roupitias sujas das farrinhas, mas comia farinha como ninguém. É sério.

Nada a tirava das traquinagens, a não ser aquela massa que muitas vezes com o bater da colher de pau bem velhinha (mais que a sua avó, ela achava) chamava a sua atenção sem tirar farinha. Pelo barulho meio oco e borbulhante mas tão tolerante que a menina salivava infante. E tornava a pergunta a voltear pelo ar: - Vovó, posso lamber a massa quando isso tudo acabar?

E a vó numa doce calmaria lhe respondia: - Não, não é não. À propósito, Amelinha nunca entendera o porquê de sua vovozinha sempre responder com três nãos. Não poderia ser apenas um não ou menear de cabeça para frente e para trás com uma vaquinha de presépio? Tanta filosofia barata que até as muriçocas se coçavam naquele peleja tão chata. E mais uma vez a menina insistia: - Ô vó! E sua velha Holanda respondia: - Não pode comer massa crua senão dá dor de barriga e mexe com a bexiga. (praquê tanta intriga...?). Pois bem, os dedinhos de Amelinha ficavam nervosos como nenhum outro dedinho. Nem mesmo os dedinhos do menino Tistu, ficavam daquele jeito. E com muito carinho benquisto a menina planejava o seu 'granfinale':

- Vovozinha... a senhora sabe que eu gosto de lamber essa massinha, né? Nunca senti nada. Só a gostosura de saborear essa fartura de quituteira de mão cheia que a senhorinha tem, minha vozinha do coração.

Pronto, o encanto ecoou nesse bordão. E quem depois teve a coragem de dizer: Não, não e não?

Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 19/01/2015
Reeditado em 19/01/2015
Código do texto: T5107003
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