A FORÇA DO SIMBOLISMO

Quantas moças e donzelas não sonham com o dia em que seus príncipes encantados venham resgatá-las em uma carruagem com cavalos brancos e transportá-las a uma vida de conto de fadas.

Algumas simbologias surtem efeitos tão fortes na mente de algumas pessoas, a ponto de elas não conseguirem separar o imaginário do real. É como se o real e o imaginário não compusesse cada um, vivências antagônicas.

Certa vez eu me encontrava com minha esposa Míriam em uma dessas quadrilhas realizadas no meio da rua, no bairro de Santa Efigênia, na cidade de Belo Horizonte – MG, na condição de convidado.

O evento era de uma escola infantil e uma das atrações foi o “casamento na roça”.

Os noivos chegaram em uma carroça desajeitada, que rangia muito, ornamentada com bambus e bandeirolas, tracionada por uma mula raquítica, quase desnutrida, que se encontrava incomodada pelos mosquitos que a atormentava. Contudo o conjunto, noivos, carroça e carroceiro, fez o maior sucesso entre os participantes, principalmente entre as crianças.

O casamento se desenrolou dentro do contexto esperado e após as bênçãos do “padre” e a chuva de arroz, pétalas de rosas e confetes, os noivos saíram triunfais em sua imponente “carruagem”.

Uma vez deixados os nubentes em seu destino o cocheiro retornou com a “carruagem”, estacionou-a em lugar seguro e tratou de aproveitar a festa.

Papo vai, papo vem e após alguns copos de cerveja, perguntou a mim se eu não queria dar uma voltinha na carroça com a minha esposa.

Algumas pessoas voltaram a atenção para nós, na expectativa de saber qual seria a minha resposta. Muitos não acreditavam que eu aceitaria sair conduzindo aquela geringonça pelas ruas do bairro, levando comigo a minha esposa.

Uma vez acertado que eu iria mesmo fazer o inusitado passeio, pedi instruções de como conduzir em segurança aquele conjunto de rodas e patas.

Após receber as instruções de como proceder chamei a minha esposa, inicialmente reticente em me acompanhar naquela investida, que prontamente aceitou o convite.

Enquanto eu a ajudava a subir naquele artefato oscilante e rangedor, aconteceu o inesperado: repentinamente apareceu em polvorosa uma das professoras, que tentou impedir a minha esposa de subir na carroça.

Tentando levar para o lado da brincadeira, mas visivelmente inconformada, dizia que a Míriam não podia sair comigo naquela “carruagem”, porque ela já era casada.

Depois de certo tempo de convencimento e com a ajuda de outras pessoas, saímos sob os olhares incrédulos de alguns, para o nosso romântico passeio a dois, pelas ruas do entorno.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 13/01/2015
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