Casos do Picolé – O Corretor
Eu estava à procura de umas terras para um cliente. Ele queria no Estado de Minas.
Sai de viagem, sem muita pressa para voltar, queria servi-lo bem pois ele era um bom amigo.
Andei em várias regiões, vi fazendas de todos os tipos, e preços. Uma era muito cara, a outra era pequena, outra não era boa, outra era ruim de água, e assim fui andando e fazendo um relatório.
Os dias iam passando.
Uma tarde cheguei em um lugarejo e fui me hospedar no melhor hotel da cidade.
A noite perguntei ao porteiro se conhecia algum corretorque pudesse me ajudar a encontrar uma boa fazenda. Mais que depressa ele me falou do Tunico e já foi ligando pra ele.
Demorou uns quinze minutos e chega o tal do Tunico.
Homem de meia idade, magrinho, falante, mais que o homem da cobra.
Olhou pra mim e disse; - Olá paulista, ocê acho o mió corretor da região!.
Falei qual o tipo de fazenda que eu queria e ele diz; - Ocê tá cum sorte, tenho uma fazenda, que é uma belezura, fica lá no bairro dos Coqueiros.
Marcamos para sair bem de madrugada, pois segundo ele, era meio longinho. O Tunico ia falando e explicando tudo da região. Falava da terra que era boa, das águas, do clima, da chuva; que era um lugar muito sadio, tão bom que não morria ninguém.
Andamos mais um tanto, depois de tantas curvas, subidas e descidas, avistamos uma vilinha, que ele me disse ser o tal Bairro dos Coqueiros. Para azar dele, ia saindo um enterro. Aproveitei a deixa e falei : você disse que aqui não morre ninguém, olha lá um enterro.
Ele com a presença de espírito do corretor matuto respondeu na lata: - Cuitado, sabe quem lá vai indo? É o ôme da funerária... morreu de fome!