AUTOMUTILAÇÃO
Certa tarde de um dia em que minha irmã retornava de uma consulta dentária, ela passou por uma padaria próxima de nossa casa e adquiriu alguns pães, presunto e muçarela para o lanche da tarde.
Preparou o lanche e nos chamou a todos para assentarmos à mesa.
Iniciamos então o revigorante, prazeroso e familiar lanche da tarde.
Minha irmã, ainda sob o efeito da anestesia, a cada mordida que dava no pão, na verdade estava mordendo o próprio lábio superior, sem o sentir.
Quando vi que o pão que ela estava comendo tinha vestígios de sangue, passei a reparar os movimentos dela. Como não consegui entender o que estava acontecendo, perguntei a ela: irmã, que sangue é esse no seu pão?
Ela também sem entender, correu para o espelho e verificou que seu lábio superior estava macerado e muito inchado.
Foi então que, ao retornar, com a mão à frente da boca inchada, disse: por isso que a cada mordida que eu dava, sentia como se fossem as casquinhas do pão e na verdade era a película interna do meu lábio que estava se desprendendo com tantas mordidas.
A boca de minha irmã inchou de tal maneira que ela ficou dois dias sem sair de casa.