SÁBIO PRESENTE
Na manhã de 12 de fevereiro de 2014 eu me encontrava em franco diálogo com o meu “sábio interior”, recebendo dele os melhores aconselhamentos.
Em dado momento, após agradecê-lo pelas lições a mim repassadas, abracei-o calorosamente, despedindo-me dele.
Como sinal de muita afeição e perspicácia, como quem procura deixar indelével a sua marca, o meu “sábio interior” me ofertou um presente.
Tratava-se de um lápis preto novo, impecavelmente apontado e com o nome do fabricante gravado em baixo relevo em letras douradas contrastava com o preto da sua pintura externa, evidenciando ser de primeira qualidade.
Inicialmente o presente que eu acabara de receber me deixou bastante curioso e vieram-me de imediato taciturnas, porém inquietantes perguntas:
Qual a razão desse presente?
Porque um sábio daria um lápis preto ao seu pupilo, a quem ele dedicou inusitados, consideráveis e profícuos instantes?
Porque o meu “sábio interior”, ao me ofertar o presente não me disse o porquê daquele presente?
Quase que instantaneamente me veio à mente uma resposta a qual julguei acertada, tendo em mente tudo o que partilhamos, qual seja: Aposse-se deste presente que acabo de lhe passar às mãos, siga confiante a sua vida, escreva a sua melhor história.
Após refletir sobre a resposta que eu mesmo me dera, ou, quem sabe, que o “meu sábio interior” indiretamente me revelara, cheguei a uma segunda conclusão:
“por motivos ainda de mim desconhecidos a vida que até aqui eu vivi, não foi escrita por mim.
Até então eu tenho vivido ao sabor das vontades das pessoas, quando deveria seguir a minha própria intuição e as minhas próprias vontades.
Eu não tenho sido, na essência, eu mesmo. Tenho-me conformado a seguir por caminhos desbravados por outras pessoas. Não segui os ‘meus caminhos’ e isso é muito grave, resultando em consequências desastrosas, drásticas.
Embora possa ser verdade que os caminhos que até aqui percorri tenham sido os mais acertados para as pessoas que os trilharam antes de mim ou juntas comigo, não era por eles que eu deveria ter seguido.
Pode até haver a confluência em alguns pontos, mas as minhas pegadas têm que estar nítidas. Têm que evidenciar que aquele ‘território’ só a mim pertence.
Antes mesmo da minha concepção, Deus já havia determinado a minha missão aqui na terra e certamente eu ainda não a cumpri.
O caminho que me elevará à condição de ser digno da minha existência ainda está para ser trilhado por mim, encontra-se incólume, pois, somente eu o poderei trilhar. Do contrário, haverá uma lacuna que em alguma existência eu terei que preencher. Reconheço que somente quando eu o percorrer em toda a sua trajetória, é que terei dado início à escrita de uma nova, promissora, digna e suprema vida”.