VOVÔ
Era alguém que eu muito amava e admirava. Não só por suas qualidades como pessoa, mas por sua aparência sempre tão serena, com seus cabelos completamente brancos, sua tez morena e sua postura nada encurvada. Vovô Antonio amava como ninguém a natureza e os animais. Fora criado na fazenda, com pouco estudo, mas sua sabedoria me impressionava desde que eu era bem pequena.
Eu gostava de passar as férias em sua casa, pois o acolhimento, o aconchego, a atmosfera de paz, as atitudes dele, sempre tão corretas, de vovó e de meus tios, me faziam muito bem.
Já bem velhinho, ficou muito surdo e, como não ouvia, falava pouco. Vovô gostava muito de chimarrão e sempre recebia suas visitas com um mate caprichado.
Tinha um parente, o Nandinho, que o visitava com frequência. Quando ele ainda ouvia bem, ambos passavam horas tomando chimarrão e conversando animadamente. Mas depois que a surdez piorou, recebia Nandinho com a mesma alegria e satisfação, porém a conversa foi diminuindo aos poucos. Ainda tomavam chimarrão por horas, mas no mais absoluto silêncio respeitoso.
Nandinho entendia que sua presença física era apreciada e, reverente, aceitava o silêncio como coisa natural.
O que me tocava e me dá até hoje a dimensão de uma verdeira amizade é que, só a presença dos dois alí, sentados em suas cadeiras, tão próximos, era suficiente para demonstrar que ambos se alegravam com a presença um do outro, e isso lhes bastava.
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NOTA:
E meu irmão que se chama Antonio, em homenagem ao avô, lendo o meu conto também falou-me de suas reminiscências:
"Entre os longos silêncios, ele falava "É"... e o Nandinho anuia dizendo "É"..., e a expressão deles era divertida, de concordância plena. Para mim, aquele "É"... abrangia milhares de idéias sábias e realistas sobre a vida e o mundo."
Eu gostava de passar as férias em sua casa, pois o acolhimento, o aconchego, a atmosfera de paz, as atitudes dele, sempre tão corretas, de vovó e de meus tios, me faziam muito bem.
Já bem velhinho, ficou muito surdo e, como não ouvia, falava pouco. Vovô gostava muito de chimarrão e sempre recebia suas visitas com um mate caprichado.
Tinha um parente, o Nandinho, que o visitava com frequência. Quando ele ainda ouvia bem, ambos passavam horas tomando chimarrão e conversando animadamente. Mas depois que a surdez piorou, recebia Nandinho com a mesma alegria e satisfação, porém a conversa foi diminuindo aos poucos. Ainda tomavam chimarrão por horas, mas no mais absoluto silêncio respeitoso.
Nandinho entendia que sua presença física era apreciada e, reverente, aceitava o silêncio como coisa natural.
O que me tocava e me dá até hoje a dimensão de uma verdeira amizade é que, só a presença dos dois alí, sentados em suas cadeiras, tão próximos, era suficiente para demonstrar que ambos se alegravam com a presença um do outro, e isso lhes bastava.
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NOTA:
E meu irmão que se chama Antonio, em homenagem ao avô, lendo o meu conto também falou-me de suas reminiscências:
"Entre os longos silêncios, ele falava "É"... e o Nandinho anuia dizendo "É"..., e a expressão deles era divertida, de concordância plena. Para mim, aquele "É"... abrangia milhares de idéias sábias e realistas sobre a vida e o mundo."