O RELÓGIO ANTIGO

Minha avó paterna tinha um relógio antigo que herdara de seu pai. Ficava na parede da sala e desde criança me atraía atenção. Eu gostava de seu toque a cada hora cheia e quando dormia na casa da vovó, o barulhinho de seu pêndulo soava como canção de ninar só para mim...a embalar meu sono.

Aconteceu que o relógio estragou e minha avó que amava os netos mais do que tudo nesse mundo, entregou o relógio para meu irmão mais novo, de 4 anos, brincar. O que resultou daquela magnífica obra foram a caixa, o mostrador e algumas peças que meu irmão não quebrou.

Quando vovó faleceu, o que restou do relógio ficou com minha tia, que não sabendo o que fazer daquela velharia, me entregou para que guardasse.

Os restos dele ficaram por alguns anos esquecidos em meu armário.

Quando me aposentei, lembrei-me desses despojos e, um dia, por acaso, me deparei com o anúncio no jornal de uma empresa que restaurava relógios antigos. Juntei aquelas peças tão velhas e as enviei para São Paulo, para avaliação e possível orçamento.

Para minha surpresa, havia como consertar e deixar aquela relíquia como nova.

Essa aventura me saiu cara, mas não tem preço ver hoje na minha parede da sala, aquela linda peça com caixa  oitavada em madeira e mostrador em algarismos romanos, funcionando perfeitamente.


Precisa de corda toda semana, mas não me importo.

Voltar a ouvir seu toque das horas, me remete à infância tão feliz.

E, à noite, o barulhinho de seu pêndulo, soa como uma lullaby graciosa e terna, só para mim...






(É um raro exemplar fabricado em 1900 pela Ansonia Clock Co., New York, e acabou de completar 118 anos!)
Aloysia
Enviado por Aloysia em 15/11/2014
Reeditado em 12/04/2018
Código do texto: T5036163
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