HAUTE COUTURE
 

Éramos um casal típico da classe média brasileira.
Mas, diferentemente da maioria, gostávamos de viajar em busca de conhecimento. Celso e eu pesquisávamos preços e íamos sempre na baixa temporada, quando os custos ficavam dentro de nosso orçamento, sem financiamentos a perder de vista. O inconveniente é que encontrávamos muito frio e muita neve no hemisfério norte, nosso destino preferido. Mesmo assim, nos divertíamos muito.

Em certa ocasião, estávamos em Paris, hospedados em hotel bem módico junto à Porte de Bagnolet, e pegávamos o metrô para todos os passeios. Havíamos descido na estação Opera e caminhávamos pelo centro da cidade. De repente, notamos que um carro  vistoso parou junto ao meio fio e dele desceu um sujeito bem apessoado, bem vestido, que me ignorando, dirigiu-se ao Celso. Explico: não sou feia, mas não tenho porte de modelo. Celso era um homem alto, daqueles que se destacam na multidão.  Além disso vestia um casaco de camurça com gola de pele e um gorro daqueles que os russos usam, também de pele (sintética, é claro, para ser ecológicamente correto!)


O sujeito, então, em bom francês, pergunta se ele teria interesse na compra de uma coleção da Maison Dior. Fala em preço é dá mais detalhes. Celso, em seu francês claudicante, tenta explicar que não tem interesse. O sujeito insiste, mas meu marido consegue se desvencilhar dele.

Continuamos nosso passeio, tentando saber o porquê daquela oferta tão inusitada.

Nunca vamos ter uma resposta. Podia até ser um golpe, mas acreditamos que o Celso foi confundido com um milionário russo, e o fato rendeu muita especulação e muita risada de nossa parte.

Aloysia
Enviado por Aloysia em 14/11/2014
Reeditado em 10/02/2023
Código do texto: T5034917
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.