O Primo Agostinho.
Um primo que só conheci de nome, através das loas de meu pai, que via nele muita inteligência e uma referência de sucesso familiar.
Agostinho era filho de uma irmã mais velha do meu pai, tia Rosa, casada com Tatão Rita. Sendo meu pai um dos filhos mais novo de José Antonio Pascoal e Jovelina Rosa de Jesus, era pouco mais velho do que o sobrinho Agostinho.
Papai contava com entusiasmo o início do Agostinho no DNER, trabalhando duro na picareta, mas como tinha uma boa instrução e um curso de Datilografia, foi alçado para o serviço de escritório do departamento.
Os familiares de meu pai eram lavradores e semi analfabetos, funcionário público naquela época era Status. Meu pai sonhava que eu fosse igual ao primo. Apesar deste laureado primo morar mais ou menos perto de nós, nunca nos deu o prazer de sua visita, segundo falavam, ele morava num povoado perto de um Vilarejo chamado Soca Pó, hoje Dom Cavati. Talvez por muito trabalho, o tempo seria escasso. Exercia a função de geólogo, isto é, analisava cascalho para Rio Bahia. Diziam que acabou estudando engenharia de solo.
Quem contava causos pitoresco do Agostinho era meu avô Pascoal.
Minha saudosa mãe Dona Bela, tecia rasgados elogios a esposa do Agostinho, cujo nome fugiu-me da memória..
Confesso que tive uma vontade imensa de conhecer , esse primo. Mas as constantes mudanças de meu pai, foi se perdendo o elo familiar. Casei e saí das garras de meu pai e das saias de minha mãe, vim para Belo horizonte em 1961.
Aqui encontrei um outro primo e tornamos-nos compadre, Onivaldo que mantinha contato com o Agostinho, ficamos tratados de um encontro,mas por motivos alheio a nossa vontade, não foi possível. O compadre também queria me apresentar uma filha do Agostinho, funcionária de um banco, também não deu certo.
Meu pai em estado lastimável, quase as vésperas de falecer, sobre os cuidados de meu irmão, morador da cidade de Contagem, lá como um encanto apareceu Agostinho e esposa, mais de 50 sem se ver, meu pai já não dava conta, estava vegetando. Contou meu irmão Altair, que o primo entrou em estado de comoção, em lamentos e prantos pelas condições degenerativa do mal de Alzheimer em meu pai, além de outras complicações patológicas. Deixou telefone com o mano. Como já prenunciava a morte de meu pai, pensei; no velório vou conhecer esse primo, a gente já sentia que a morte do meu pai seria para ele um prêmio, tal era o seu sofrimento. Aconteceu que em 9/1/2005, meu pai partiu pela manhã. Meu irmão Altair deu vários telefonemas para a casa do Agostinho, com certeza estaria viajando. Meu pai faleceu aos 89 anos. Eu tenho 78 anos, o Agostinho deve estar ultrapassando os 90 anos. De maneira tal, não vou conhecer em carne e osso esse grande primo.
Intitulei este conto parafraseando Eça de Queirós, em sua obra, “ O Primo Basílio.”
O meu conto real, dei-lhe o título de O primo Agostinho.
Lair Estanislau Alves.