TERRÍVEL ENGANO
TERRÍVEL ENGANO
Carnaval de um ano qualquer.
Armamos uma viagem para a roça e partimos cedinho.
Ficamos na casa de um tio e resolvemos fazer um churrasco lá no quintal. Uma pinga, um tira-gosto, mais uma, mais um e o calor natural foi aumentado. Até que alguém pegou a mangueira e a água refrescou tudo. Mas a água fez barro e como somos feitos dele, de repente, todos nós já estávamos "misturados".
Quase irreconhecíveis, saímos para a rua. As pessoas, acostumadas com o trivial, nos olhavam admiradas e perplexas.
Fomos para um poço chamado "moinho" e ali, entre uma cerveja, uma carne e uma "da roça", passamos a tarde.
A noite chegou e não me lembro como, estávamos, os homens, com a indumentária feminina: saia, soutien, bolsa, brinco, baton e não sei mais o quê.
E saímos para a rua com a máquina fotográfica testemunhando tudo. Aquelas "meninas" estavam sendo "guardadas" para a posteridade. Chegamos num bar cujo proprietário morava ao lado. Ali deparamos com ia uns rapazes vestidos como nós. Um deles, vestido de preto, deixava dúvidas: parecia uma "moça" de verdade.
De repente, perto da sinuca, um senhor com um semblante sisudo, deu um soco no meu irmão caçula. Waguinho se esquivou e tentou dialogar mas o homem insistiu em pegá-lo. A turma do “deixa disso” chegou junto e eu no meio deles.
O homem saiu e disse que iria buscar o revólver. Saí junto dele, argumentei dizendo-lhe quem era nosso pai e que o garoto não teve intenção de provocá-lo. Ele resmungou outras frases, olhou para mim tentando me ligar ao seu amigo de infância e foi se acalmando.
Meu irmão pediu mil desculpas, chorou até e disse que não havia sido de propósito.
Serenados os ânimos, ele chamou sua esposa e foram embora.
Até aquele momento eu não tinha entendido o que houve e perguntei. Minha irmã respondeu: - Waguinho achou que a mulher, de costas, era o Nonô. Enfiou a mão por baixo da saia dela e passou a mão na bunda dela. O resto você já sabe.