O SIMPLÓRIO

Antonio, cujo apelido em família é Tunico, estudava no ITA em São José dos Campos, SP. Como estudante, andava sempre duro.
O curso lhe exigia muito e não sobrava tempo nem para pensar em trabalhar. Até que, dando aulas particulares para um colega que estava em dificuldade, juntou algum dinheiro, que somou ao que havia economizado daquele que a família mandava mensalmente.

Comprou, então, um Buggy bastante usado e se deu por muito feliz
com a aquisição. Agora tinha a tão sonhada liberdade de ir e vir.

Aconteceu que uma prima que morava em Uberaba, MG, convidou-o para padrinho de seu casamento, que ocorreria em meados do mês seguinte.

Tunico não tinha um terno para a cerimônia e emprestou o do irmão.
Tá certo que ficou apertado, com as mangas e pernas das calças um pouco curtas, pois o irmão era mais magro e menor. Naquele tempo não existiam essas casas que alugam trajes de festas.

Um dia antes do casório, Tunico se pôs na estrada a caminho de Uberaba; uma longa viagem. Tirou a capota do Buggy e foi enfrentando vento, poeira e muito sol.

Na data do casamento, resolveu dar um trato no visual; tinha deixado a barba crescer e não se sentiu elegante para a cerimônia. Começou, então, a raspá-la e se deu conta de que o resultado seria desastroso.
Andara o dia inteiro ao sol e a parte do rosto que estava coberta, apareceu muito branca, enquanto o restante, se não estava bronzeado, mais parecia um pimentão.

Com o terno apertado, de mangas e pernas curtas, e a cara de duas cores, deu vexame no casamento da prima.

Mas Tunico era e ainda é um simplório bem humorado e quando conta esta passagem, rí desbragadamente.
Rí mais ainda, quando diz que a mineira convidada pela prima para ser seu par como madrinha, bonita e bem vestida, não ficou nada à vontade ao lado daquele caipira.
Aloysia
Enviado por Aloysia em 21/10/2014
Reeditado em 06/11/2014
Código do texto: T5006601
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