O Desencontro - Parte II (Efeitos do Álcool)
Roberto terminou o primeiro dia de treinamento com a equipe do Paraná. Ele ainda não estava com a cabeça funcionando legal, mas trabalho bem feito é prioridade. Muitas vezes ele se pegava num vácuo de pensamento e noção de onde estava lembrando-se das palavras de sua esposa ao telefone. “Fábio...” o restante da frase não importava pra ele mais. Fábio devia ser um filho da puta que estava comendo a sua Thais. Estava entrando sem ser chamado em seu casamento, fodendo com sua mulher e com sua mente.
Ele se despediu do pessoal e ouviu a voz de Cíntia o chamando.
- Agora eu sei porque todo mundo te elogia. Você tem propriedade do que fala. Isto é legal de se ver.
- Obrigado Cintia. Você também foi muito bem.
Ele tentava falar com ela tendo o máximo de respeito. Mas, olhar para aquelas pernas que escapavam do vestido. Aquela blusa que não era decotada, não conseguia esconder o tamanho dos seios. Era difícil se manter normal.
Thaís, não foi trabalhar. Ela não conseguiria trabalhar depois de ler a mensagem no celular do marido. Ligou para sua amiga Joyce que veio correndo para socorrê-la.
-Mas que desgraçado. – Esbravejava a amiga enquanto Thais chorava. - E esse chefe dele também é um verme. Deve ter o pau pequeno e ficar lá usando o cargo pra comer essas vagabundas.
- Mas, você acha que ele faria algo? – Thais fala entre soluços.
- Tá na mensagem Thais. Acorda. E olha, hoje vamos sair pra beber. Esquece essa merda e esse filho da puta vai ter o que merece quando voltar.
- Não quero sair.
- E ficar aqui chorando vai te ajudar muito, né? Vamos beber alguma coisa e nos distrair.
Roberto foi para o seu quarto do hotel e ficou olhando para o telefone. Será que deveria ligar para Thais e entender o que está acontecendo? Será que ele realmente queria saber o que estava acontecendo? Ouvir da boca dela que tinha outro iria foder de vez com ele. Duas batidas na porta o tiram de seu inferno mental.
- Beto, tem um bar aqui em frente ao hotel que os funcionários disseram ser muito bom. Quer ir?
Beto não ouviu nada depois de abrir a porta. Cíntia vestia uma blusa colada sem estampas branca e um soutien bege que levemente se mostrava por baixo da blusinha e um short. O Paraná é frio, mas como se fosse um truque do destino, lá estavam eles em uma época de calor. O que não ajuda nem um pouco para que as pessoas usem muita roupa e torna os olhos de um homem extremamente independentes.
-Desculpa Cintia, não entendi.
Ela sorriu. Cíntia sabe que, seu corpo sempre atraí olhares. Já é acostumada com isso e gosta.
- Vamos beber no bar aqui em frente. Esse calor e um vinho gelado, com certeza, vão ajudar muito essa noite a ser agradável.
-Não sei. Estou cansado.
-Vamos, pra relaxar antes de dormir.
Beto pensou, ponderando se valeria a pena. Depois pensou que seria melhor mesmo fazer algo que o dopasse e fizesse parar de pensar em Thais.
-Vamos.
Thais entrou no carro de Joyce. Ambas estavam indo para o barzinho em que trabalha o irmão de Joyce. Roberto sempre achou Joyce uma má influencia para Thais, mas são amigas de infância. Ele sabe que qualquer guerra contra ela é perdida.
-Voltaremos cedo né? – Pergunta Thais.
- Depende da noite.
-Joyce, deixa disso. A gente volta cedo. Só quero espairecer.
-Ok, ok .
Chegaram ao barzinho. Estava lotado. Joyce já era conhecida por todos e mal sentaram já estavam entregando a cerveja.
Roberto já tomou mais do que o bom senso permite. Ele não está bêbado, mas está imprudente. A realidade sobre a bebida é essa. Você não faz porque está bêbado. Você faz porque tem vontade, mas já não tem mais o bom senso te dizendo que é melhor não fazer.
“Cíntia é atirada, ela dança de um modo provocante, ela se veste para provocar. E pra piorar essa filha da puta é gostosa pra caralho.” É o que pensa Roberto enquanto bebe mais um copo e assiste ela voltando da pista.
-Beto, você não dança?
-Não. Eu não sei. Nem tento porque meus pés são fodidos pra isso.
-Ah, então achamos algo em que você não é bom?
- Tem muita coisa.
-Não é o que parece. Nem o que dizem
-O povo fala demais. E bom se parece, é porque eu disfarço bem.
Cíntia se inclinou sobre a mesa chegando mais perto de Beto, e disse.
-O que eu sei fazer muito bem, envolve mais corpo e suor do que tudo.
Ela se afastou com um olhar malicioso, um sorriso de canto de boca e deixando para Beto, inúmeras imagens que passaram pela sua cabeça em segundos. Em todas, ela nua e com boas marcas dos tapas que Beto daria com gosto.
Thaís já bebeu além da conta. Tem dois amigos de Joyce na mesa com elas e um olha pra Thaís praticamente tirando sua roupa com os olhos. Não dá pra dizer que não gosta, mas ela é casada. Não pode fazer isso. Mas casada? Casada com um desgraçado que viajou com outra e em um esquema todo arranjado? E se todas as viagens fossem como essa? Quantas já não foram?
- Vamos dançar? – Joyce fala já se levantando e puxando um dos rapazes pelo braço.
- Ahh não. Eu não to afim.
- Vem Linda. Essa música é legal. – Diz o tal que a encarava.
- Não. Não quero.
Joyce a puxa obrigando Thais a levantar.
- Vem logo.
Todos dançando, Joyce com seu par e Thais com o outro. Ele provavelmente usa a dança pra conseguir muitas garotas. Sabe onde o corpo precisa ficar mais apertado. Coloca a sua coxa entre as pernas dela, aperta a cintura contra a sua e independente do movimento, mantém o rosto muito próximo do de Thais.
Cíntia e Beto saem do bar e vão subindo para seus quartos de elevador. Um olha para o outro e enquanto Cíntia se mostra cada vez mais a vontade e pronta pra dormir com ele. Beto tenta falar com sua cabeça que é casado e que não é a primeira vez que precisa se controlar pra não trais Thais. Mas, em nenhuma das outras havia ele extremamente sob efeito do álcool e nem a hipótese de ser corno. E esse era o foda. Não trair quando é traído? A imagem da mulher com outro vinha mais vezes do que ele queria em sua cabeça. Chegam na porta do quarto de Cíntia. Ela abre, o olha convidativa e diz.
- Você vem? Acho que essa cama tá grande demais pra dormir sozinha.
Thaís dançava e se esquecia de tudo, ele a envolvia e ela ia se rendendo, olhou para o lado e lá estava Joyce e seu par em um beijo cheio de vontade. Aquele beijo que precede as melhores noites de sexo que se pode ter. Olhou novamente para seu par e ele estava olhando também para os dois. Então, os dois se olham, fica aquele momento em que ambos sabem o que irá ocorrer. Ele apertou mais sua cintura, pôs uma mão em seu rosto e veio para o beijo.
Continua.