Papo de carreiro *

João José Pereira, o Tião Leão, carreiro experiente de Unaí, que lida com carros de boi desde novo, porém o carro dele e as tralhas, ficaram guardados por algum tempo, porque utilizam o trator para fazer o serviço. Mantinha sempre uma boiada, mas quase não a utilizava. Com as festanças, o carro de boi foi novamente ativado para festar. Tião Leão conta que o pai dele não assumia, de jeito nenhum, que um carro seu tombasse. E dizia: “Carro meu não tomba.” Criados sob esse lema, foi que certo dia, ele, o cunhado e um sobrinho foram buscar milho, com seu pai acompanhando o carro. Não demorou muito, a roda subiu em um cupinzeiro e o carro tombou. Nesse momento, o irmão do Tião Leão falou que o pai deles iria colocar a culpa neles. Mal terminou de falar e o pai afirmou: “Carro meu não tomba. São vocês que estão carreando, então foram vocês que tombaram o carro”. Entre as tralhas que gosta de carregar nas festas está a borracha feita por seu pai. Nesse momento, ele me perguntou: Seu Rogério, o senhor sabe o que é isso? Respondi-lhe que não. Ele então me explicou que borracha é um recipiente feito de couro cru, costurado, que é usado para transportar água nos carros de boi ou a cavalo. Algo bem rudimentar, porém, segundo Tião Leão, a água fica bem fria e gostosa. “Também não pode faltar a farofa e a cachaça para nos alegrar”, arrematou.

* Trecho do livro: FESTAS DE CARROS DE BOI, do escritor Rogério Corrêa

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http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=82695479

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Boa leitura,

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