A REVOLTA DAS FERRAMENTAS
Era uma tarde de calor, nos crianças brincávamos no terreiro jogando com uma boa de meia, quando um dos meninos com seqüelas de Paralisia Infantil e que mal podia brincar levou um forte entrada de um dos meninos, seu irmão com toda razão, tomou as dores e a brincadeira acabou, os que ficaram foram descansar a sobra de um enorme guaiuvira onde vovô, já com seus noventa e tantos anos, estava sentado em uma cadeira e vendo a intriga recriminou a todos nós e passou a contar mais uma de suas histórias.
“Conta-se que certa vez em uma oficina de carpintaria, as ferramentas levadas pelo tédio e desentendimentos entre sí, resolveram se reunir para por tudo em pratos limpos e mais que depressa o martelo, acostumado a bater e com toda arrogância assumiu a presidência mas não foi muito longe, o parafuso apontou-lhe o dedo dizendo que ele não podia ser o presidente, um objeto bruto, faz muito barulho e só vive golpeando e, sem pestanejar ele se intitulou presidente, descontente a lixa retrucou que não, ele não poderia ser o presidente, pois complicava tudo e dava muitas voltas para conseguir algum a coisa, e cheia de interesses disse que por ela ser de natureza feminina, era quem deveria ser o presidente ao que o metro retrucou negativamente, dizendo que jamais ela poderia ser o presidente pois, apesar de feminina era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos para deixar algo bem, como um ser feminino a lixa logo retrucou, dizendo:
___ Ora pois quem fala! Aquele que vive medindo com suas próprias medidas como se fosse o mais perfeito do mundo.
A discussão tomava outros rumos mas neste instante entrou o Ze Carpinteiro, a reunião foi desfeita e o velho carpinteiro pegando o martelo, o metro, a lixa, o parafuso e o serrote, nem uma de suas ferramentas ficou parada, e ao fim de um árduo dia de trabalho estava feita um bela mesa sobre a qual ao seu derredor sentaria uma família para se alimentar.
Retornando ao merecido descanso na bancada, quando o metro esboçou um insulto contra a lixa, o serrote muito sabiamente tomou a palavra dizendo:
___ Senhores, olhe para o dia que passou, sabemos que temos defeitos mas ficou claro também que foi com as nossas qualidades que o patrão trabalhou, não pensemos nos nosso pontos fracos, nos defeitos que todos nós temos, mas pensemos nas nossa qualidade, vejam o martelo é forte, o parafuso une, a lixa apesar de áspera deixa tudo lisinho e bonito e o metro é preciso e exato nas suas medidas e juntos somos úteis com nossas qualidade.”
Vovô terminou sua história dizendo que naquela noite as ferramentas foram dormir alegres pela oportunidade de trabalharem juntos e nós, com remorso da briga com o menino deficiente, propusemos a partir de então, ver nele também suas qualidade.