A emprsa possuía no seu quadro de funcionários um total de seis porteiros, e um se destacava pela pontualidade, assiduidade, comprometimento e educação com todos, independentemente do horário em que estava trabalhando e dos problemas que acontecem em qualquer tipo de portaria.
Um bom exemplo de funcionário nos quatro anos em que estava lá.
Um dia por volta das nove horas da manhã, cheguei à empresa e fui abordado pela responsável do setor de recursos humanos, que estava muito nervosa.
O nosso porteiro exemplar fora preso pela Polícia Federal, acusado de matar um policial rodoviário federal no Estado de Goiás.
Na apuração dos fatos ficamos sabendo que o porteiro "tinha um caso" com a mulher do policial que, na época, o jurou de morte.
Antes que isto acontecesse o porteiro matou o servidor federal.
Fugiu para Minas Gerais, onde conseguiu documentos falsos, se estabeleceu na cidade onde estava a empresa, montou casa, se casou e já tinha uma filha de dois anos.
Sua mulher não sabia de nada.
Foi descoberto depois que a televisão mostrou seu retrato no programa semanal intitulado Linha Direta, cujo objetivo principal era encontrar procurados pela polícia.
Alguém viu e o denunciou; dois dias depois chegaram ao assassino.
Ficamos perplexos, calculamos a sua demissão e entregamos o valor à sua mulher.
Passados dois anos da prisão, ele mesmo me ligou perguntando se tinha uma nova chance na empresa, pois estava para conseguir uma liberdade consicional e gostaria de continuar levando a vida.
Concordei plenamente, não tinha o que reclamar do homem e avisei à funcionária do setor de recursos humanos.
A menina ficou apavorada e custou a me explicar que a mulher dele arrumou outro homem, que já tinha até um filho com ele e que moravam na casa que o porteiro montou para ela.
Pensei : outra tragédia, ele vai matar muita gente agora.
Combinamos de aguardar os fatos...
Graças aos céus a mulher sumiu da cidade, abandonando a casa e não apareceu mais ninguém...
Meu porteiro exemplar desapareceu...