Ih, o sabonete caiu!
Terça-feira – 07 de outubro se 2013, conforme agendado com a Brigada de Incêndio da CAMG, compareci à Rua Goiás, próximo à entrada de trás da Prefeitura de Belo Horizonte.
Devido a uma falha de comunicação cheguei tão cedo ao local, que nem as estátuas do Carlos Drummond de Andrade e do Pedro Nava, ainda haviam chegado.
Enquanto aguardava pela chegada da van que ia nos conduzir até o local onde seria ministrada a parte prática do Curso de Reciclagem para Brigadistas da CAMG, iniciei a leitura de um jornal.
Ás 6h35min, saímos com destino ao centro de treinamento existente na cidade de Betim – MG. Chegando lá, a temperatura estava ainda mais baixa que no centro de BH, com o agravante de uma leve garoa que caia preguiçosa.
Após a calorosa recepção pelos algozes, digo, sargentos responsáveis, paramentamo-nos com vestes apropriadas, capacetes e nos apresentamos para o início dos treinamentos.
As duplas de combate foram definidas, para que cada uma cumprisse as tarefas programadas. E para evitar que umas ficassem em privilégio em relação às outras, todas foram maliciosamente molhadas ao mesmo tempo com a própria mangueira de combate a incêndios.
E assim cada etapa do treinamento foi cumprida: apagamento de fogo com utilização de extintores, fechamento do suprimento de gás no artefato denominado “Árvore de Natal”, com deslocamento com emprego de rastejo, cumprir tarefas adentrando a “Casa de Fumaça”, resgate de “vítimas”, resfriamento do ambiente e combate a incêndio, em edificação criteriosamente preparada para esse fim etc.
Os exercícios foram todos bem suaves, quase lúdicos e por incrível que possa parecer, o momento de maior tensão, pelo menos entre os homens, ocorreu no horário do banho: finda a programação de reciclagem com a consequente deposição dos paramentos, encaminhamo-nos para o banho com o fito de retirar, mesmo que parcialmente, as fuligens, óleos e outros resíduos aderidos ao corpo.
No banheiro não há boxes individuais e por esse motivo os banhos são coletivos. O espaço a isso destinado é composto de 4(quatro) chuveiros paralelos e sequenciais, nos quais as pessoas vão se revezando, quando o contingente é grande.
A certa altura, estava de um lado o sargento Lima, de outro o sargento Dênis e outras duas pessoas ocupavam os demais chuveiros. De repente alguém anuncia: Ih, o sabonete caiu! Aquele alvoroço que havia no ambiente cessou, como por encanto. O silêncio foi tamanho que não se ouvia sequer a respiração das pessoas.
Quebrando o silêncio, o sargento Dênis foi imperativo: “então apanha!”. A curiosidade foi geral e mesmo aqueles que até então procuraram se mostrar indiferentes, voltaram-se para a cena. Outro posicionou a cabeça fora do fluxo de água e ficou na espreita.
O sujeito, ressabiado, olhou para um, olhou para outro, olhou para o sabonete, titubeou um pouco, capitulou, abdicou-se de apanhá-lo, deixou-o ao solo. Afinal, já havia terminado o banho e o sabonete não lhe serviria mais.