Muro Pichado

 
Todos à mesa para o almoço de uma terça-feira ensolarada, os pais e os oito filhos que acabavam de chegar de seus colégios.
Mal o pai terminou a oração de agradecimento pela comida que iriam comer, tocou a campainha.
Quando a empregada atendeu à porta, todos os ouvidos, que coçavam de curiosidade, reconheceram a voz da vizinha do lado.
A mãe a atendeu, despediu-se e veio dar a informação de que um de seus filhos havia pichado o muro de trás da casa da mulher que acabara de ser pintado.
Silêncio sepulcral na mesa de almoço...
Ninguém se apresentou.
O pai levantou-se e perguntou quem havia feito aquilo.
Ninguém se apresentou.
Ordem dada, ordem cumprida.
Todos se levantaram e foram ver o muro.
Chegando lá não foi difícil identificar o responsável, pois estava escrito, com carvão, o nome completo do menino.
Acho que, na vida toda, ele nunca teriamais tantos olhares de reprovação ao mesmo tempo.
Ele pichou o próprio nome.
Sobrou para o pai pagar a nova pintura e ao resto dos irmãos gozar a cara do menino recém-alfabetizado.
Até hoje ele tem problemas para escrever.