= Faroeste no nordeste do velho oeste =
O velho e magrelo xerife
Cujo apelido era “Dor de Dente”
Daquela cidadezinha fu...
No meio do nada perdida
Mais parecida com o inferno
Pensou:
“- Ai meu pai eterno
Hoje estou frito
Preciso fazer de tudo
Para evitar um conflito”
Chegara no vilarejo
Que de cidadezinha
Era só um lampejo
Um facínora temido
Em todo o velho oeste
Armado até os dentes
Bravo e violento pra chuchu
Um tal de Júnior Belzebu
Está certo que o povo
Muita coisa inventa e aumenta
Mas corre um boato
Que na última vila
Por onde passou o tal Junior
Não sobrou ninguém
Pois num dia só
Matou mais de noventa
O velho e magrelo xerife
Novamente pensou:
“- Ai meu Deus, me protege, me ajude
Tenha dó desse pobre filho teu
Esquece que eu andei dizendo que era ateu
Não permita que ninguém perceba
Que já estou de medo todo mijado
E mais um pouco fico todo borrado
Podia ter feito igual meus dois ajudantes
O Bigorrilho e o Pau Torto
Aqueles grandessíssimos filhos da puta
Ter dado no pé, ter fugido antes da luta
Pois como disseram eles
Mais vale um covarde vivo
Que um corajoso morto
Mas fui querer bancar o herói
Agora não posso fazer feio”
Esperou o bandido entrar no saloon...
Logo depois reunindo uma pontinha de coragem
Que nem sabe onde encontrou, também entrou
Fazendo alarde e fazendo questão
De mostrar sua estrela de xerife
Quase maior que o seu peito
Para se impor e mostrar autoridade
Virou uma mesa e chutou uma cadeira de lado
E falou o mais alto que conseguiu
Com sua voz de bambu rachado:
“- Olha aqui seu cabra da peste!
Bicho esquisito da moléstia!
Aqui na minha jurisdição, aqui nesse condado
Nem pense em fazer estripulia ou algo errado
Nem seja besta de fazer algo que me deixe injuriado
Se piscar seu olho torto você está morto.
Sua batata está assando, o bicho vai pegar,
Sua vida de crimes se acabou de se acabar, seu lesado
Aqui com gente valente
Fazemos igual fazemos com cachorro bravo
Prendemos na corrente
Portanto aqui, tenha cuidado
Se comporte feito gente!”
O facínora foi virando devagar
Barbudo, sujo, uma cara terrível de malvado
Na boca só uma meia dúzia de dentes estragados
Amarelados de tanto fumo mascar
Uma musiquinha tétrica vinda não se sabe de onde
Prenunciava e denunciava que o bagulho seria forte
Nesse instante até eu me benzi e rezei pedindo sorte
A população apavorada sumiu do mapa
Um em cada canto se escondeu
Dizendo aí f...., tremendo e temendo o pior
O temível bandido ao ver o xerife ali frente a frente
Fez algo inesperado, inusitado e diferente
Caiu na gargalhada. Até sentou de tanto dar risada
Pois o xerife, além de velho e magrelo
Não tinha de estatura mais que metro e meio
E começou o tiroteio....
Como terminou essa história eu não sei
Mais não sei contar
Pois dormi e o fim do filme eu não vi
Mas não deve ter sido brincadeira não
Pois quando acordei
Minha casa estava cheia de fumaça
E saía um cheiro forte de pólvora da televisão
E debaixo da estante
Tantas cápsulas e cartuchos deflagrados
Que deu pra encher um caminhão basculante
= Roberto Coradini {bp} =
16//08//2014