03- Quem viu um pote de coco voando por aí?
Este causo é fresquinho, como a própria fruta.
Tudo começou, com uma discussão entre mãe e filha, sabem né, como são essas coisas, Dona Maria uma senhora muito simpática, de seus completos setenta anos, com uma desenvoltura muito boa, bem disposta, muito conversadeira, e inclusive de uma religiosidade sem igual, uma senhorinha daquelas que dá vontade de qualquer um pegar no colo e levar para casa.
Foi passar uma temporada na casa de sua filha no interior da Bahia, onde passou seis meses, na casa da filha, bem o local é muito acolhedor, com muitos pés de coqueiros, e é aí onde começa o nosso causo...
Depois de passados os seis meses decorrentes, era hora de voltar para sua casa, a nossa senhorinha, Dona Maria, se preparou dias, para fazer a tão esperada viagem de volta a casa, mas como as estradas estão ruins e não tem dia para melhorar, sua filha, que se chama Maria também, resolveu depois de muito conversar, conseguiu convencer, Dona Maria a voltar de avião, disse que realmente seria bem melhor pois ao invés de 24 horas de viagem, seriam apenas 2;30 contando com a escala que seria em Confins, coisa pouca.
Na mesma semana, era necessário se fazer uma limpeza nos coqueiros, retirando as folhas secas, cortando os frutos mais amadurecidos.
Foi aí que começou a discussão, Dona Maria:
- Maria, vou aproveitar estes cocos maduros, e vou ralar e levar para o Rio de Janeiro, para dar ao pessoal, eles vão adorar, coco fresquinho natural da Bahia.
E Maria filha responde:
- Ah! Mãe, pera í né, levar coco ralado daqui, acho que isso não vai dar certo, vai que isso vaza tudo no avião.
E Dona Maria:
- Vaza nada vou colocar dentro de um pote, depois passo um saco plástico por cima, deixo dentro do congelador, e de manhã eu levo, até que descongele, já cheguei em casa!
Bem assim foi, Dona Maria, saí para o aeroporto com seu tão precioso pote, chegando no aeroporto, ao fazer o check-in a atendente do balcão informa que o pote de coco não poderia ser levado em mãos, teria de ser envelopado em plástico e colocado no freezer da aeronave.
Assim foi feito, Dona Maria despediu-se, e foi-se embora, toda satisfeita pois o seu coco estava bem acondicionado, e não sofreria danos durante a viagem, que transcorreu muito tranqüila, como assim ela contou ao ligar avisando
que tinha chegado bem, e foi neste mesmo momento que sua filha lhe perguntou:
- Sim, mãe, e pote com coco, o pessoal gostou, ele chegou ainda bem geladinho, deu para todo mundo que você planejou distribuir, isso incluía, vizinhas, sobrinhas, e amigas mais chegadas, e foi aí que ela respondeu:
- Que nada minha filha, e a filha ansiosa exclama ao telefone:
- Já sei, não deu pra quem quis!
E Dona Maria replica, - “Que ma né qui nada, eu estava tão a vontade, no avião, fiz uma viagem magnífica, a tripulação de bordo me acolheu tão bem, que eu só fui lembrar-me do pote de coco, quando já estava, no taxi a caminho de casa, o pote deve estar voando por aí até agora, eu fiz escala em confins e ele seguiu viagem”.
Será que alguém encontrou um pote de coco ralado, branquinho, e fresquinho, voando por aí?
E finaliza ela:
-“Se encontrarem, façam bom proveito, pois este é legítimo, sem conservantes”.
Este causo se passou com minha própria mãe,
Maria da Penha Costa
no dia 17 de Maio de 2007.
Sua primeira viagem de avião.
Daí onde se concluem; que a primeira vez a gente nunca esquece!
Tem sempre algo para marcar, como um pote de coco por exemplo.