Dos Beatles a Simone! (EC)
O bailinho na casa do Mauro corria solto.
Anos 70, Beatles rolava 'a vera' no toca-discos.
Rapaziada comportada, o que de mais rolava era uma comportada cuba libre, contendo dose maior de refrigerante do que de rum.
Na composição do grupo, os de sempre. No lado masculino: O anfitrião, Mauro; o amigo do peito Nelsinho; o Helinho; o Juvenal; o Praxedes; o Ciço, o Luisinho; o Ribamar; o Vicentinho; o Ari; o Anselmo... Pelo lado feminino: Dorinha; Isaura; Verinha; Arlete; Glorinha; Salete; Maria da Glória ou Glorinha; Maria do Carmo ou Carminha; Chiquinha; Dulce...
Enquanto soava o som do I Need you, inesperadamente adentraram pelo ambiente, elemento denominado Ari, devidamente acompanhado pelo Ditão e pelo Tião.
Um mal estar geral tomou conta do recinto.
Aquele ambiente selecionado não comportava a presença daqueles elementos considerados maus elementos por todos aqueles que por lá se encontravam. Nelsinho, fazendo par com Glorinha observou ‘com o rabo dos olhos’ onde se encontrava Mauro, que ainda não havia percebido o ingresso dos chamados penetras e em perfeita manobra conduzindo sua parceira, acercou-se do amigo, enlevado no compasso à bordo de Verinha, sussurrando ‘en passant’:
--- Você convidou os cara¿
Enlevado como estava, Mauro a princípio não entendeu o que o amigo disse. ‘Desgrudou’ seu rosto colado da parceira e indagou:
--- O que disse, Serginho¿
Serginho repetiu realizando um leve menear de cabeça em direção ao trio:
--- Você convidou os cara¿
Mauro olhou para a direção indicada e aborrecido respondeu:
--- Claro que não! Vieram de metidos...
Devidamente acompanhado pelo seu par, o sempre pacato anfitrião dirigiu-se até Ari, cumprimentando educadamente:
--- E aí¿ Ao que devemos sua visita¿
Enquanto a música tocada chegava ao fim e o silêncio tomou conta do local, com olhar vago que ‘varreu’ todo o ambiente, o inquirido respondeu:
--- Aí, playboy! Eu e meus considerados pensamos que por aqui rolava uma festinha e pelo contrário, está rolando um velório!
Enquanto os participantes do evento olhavam-se surpresos com a resposta, os ‘invasores’ sorrindo acintosamente retiraram-se...
No silêncio sepulcral que tomou conta do ambiente, ouviu-se a estridente voz da espevitada Glorinha que soou como uma ordem:
--- Vamos em frente, turma! Maurão, som na caixa!
Embora um tanto quanto ressabiado, o anfitrião acercou-se do toca-discos e imediatamente ecoou no recinto o som de Começar de novo!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Som na caixa!
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