EXPERIENCIA DE PEÃO
Era m caboclinho novo ainda mas ansiava por ter a sua própria montaria, alias naquele tempo o meio de locomoção mais comum era “à cavalo” e grandes distancias eram vencida no lombo deste animal tanto é que quem tinha um belo animal, fosse égua, cavalo, mula ou burro, era tido como uma pessoa bem situada na vida e era bem quisto pelas donzelas do lugarejo.
O tempo passou e chegou o esperado dia, depois de algumas colheitas e muita economia, o rapaz acabou adquirindo o seu animal, uma bela potranca, ainda nova mas garantiu o vendedor que era um animal manso, embora estivesse com meia doma, mas que isto não seria empecilho algum, pois com o passar do tempo a tendência era o animal ficar mais dócil ainda.
Havia um baile na casa de um sitiante num bairro vizinho, porem distante algumas léguas de sua casa, o negocio era paramentar égua, cobriu o seu dorso com o baixeiro, sobre este os belos arreios, a baldrana e o pelego de lã que, juntamente com o conjunto peitoral de argolas, tudo adquiridos na selaria da cidade, enfeitaram o animal conforme costumes do lugar. Para complementar, ele vestiu um belo terno de linho branco, calçou sua bota novinha em folha e na cabeça o belo chapéu de feltro da marca Ramenzoni, pois aquele dia seria muito especial, alem de estar realizando um sonho, estava também de olho na filha do promotor do baile e ele tinha certeza que a boa aparência do cavaleiro aliado a beleza da montaria muito iria influenciar nesta conquista.
Tudo pronto tomou rumo ao baile, porem ao passar por uma pastagem de capim jaraguá, o animal acabou assustando não se sabe ao certo com o que e, novo como era, deu alguns pinotes que acabou jogando o cavaleiro no chão, alem de ficar pinoteando ao deredor. O rapaz tentava levantar mas a sola ainda nova da bota tornou muito escorregadia na macega do capinzal e só foi salvo porque logo atrás vinha outros dois cavaleiros que vendo o ocorrido, com o tato de peões acostumados na lida, apearam, acalmaram a égua e o rapaz assustado.
Tudo apaziguado, o rapaz tomou a montaria e retornou para casa de seus pais e nunca mais quis saber de bancar o peão, mesmo assim tempos depois acabou conquistando filha do tal sitiante e casou-se com ela.