Como um engraxate.
Hoje ao engraxar meus sapatos,
Lembrei-me de um velho engraxate,
Sentado na praça paciente,
A esperar seus clientes,
Que eram de vários tipos,
De diversos estilos, e eu via,
Aquele senhor encurvado,
A engraxar os pés de Pensadores,
Escritores, Médicos, Doutores,
Engenheiros, Advogados e Empresários vários,
Todos soberbos com olhar vazio,
De estranha soberania,
Mesmo nas conversas que disfarçavam,
Uma intima e verdadeira amizade,
Mas na realidade era,
Como o Rei sempre perguntando,
E esperando a resposta de seu súdito,
Um dia curioso, sentei-me no banco,
E ele lustrando meu calçado, notou meu silencio,
Logo ele perguntou:
Você é calado, porque não pergunta algo?
Então respondi em tom de pergunta:
O senhor me ensina a engraxar?
E ele sorrindo foi executando seu oficio,
E me ensinando o segredo de sua profissão,
Então fui aprendendo sem devaneios,
E relembrei hoje com meus calçados em mãos,
Eu vi o preconceito que a sociedade cria,
E a imagem que persiste em décadas,
A do súdito atendendo seu Rei,
Mas pobre Rei em sua monarquia,
Fechado em seu castelo de ilusão,
Acreditar que é superior a alguém,
Na verdade não passa de bobo da corte,
Do consumismo e capitalismo Mundial,
E o engraxate paciente é o mais sábio destes docentes,
Que não cobra o seu ensinar,
E humildemente limpa os pés de seus pupilos,
Que não consegue e não quer seu exemplo visualizar,
Refazendo o ensinamento de Cristo,
Com o simples ato do lava pés, quis nós mostrar,
Humildade, respeito e coragem,
Esta é a maior virtude que alguém pode nos dar.