O MÉDICO E O MECÂNICO
A História do Homem e a História de sua profissionalização caminharam pela linha do tempo em trajetos diferentes. Na medida em que as tarefas se tornavam mais complexas a ajuda era necessária. No começo apenas uma questão de força. Para segurar um búfalo apanhado pelo laço eram necessários vários homens. Depois transportá-lo, embora retalhado, também exigia muita mão de obra. E se uns caçassem e outros transportassem a carne sobraria tempo e mão de obra. O primeiro passo na especialização e por conseqüência profissionalização estava dado. Mas o que era mais importante? Caçar o búfalo ou transportar sua carne? O primeiro passo na disputa entre profissões, também estava dado.
Entre as crianças, ao longo da História, podemos constatar: Meu pai é mais importante que o seu. Ele é dentista, dizia o filho do Odontólogo. É, mas pra que dente se ninguém tiver o que comer, respondia o filho agricultor. Meu pai é legislador, graças a ele todos o Homens são iguais. Só tem uma coisa: Se sou filho de deputado, sou mais igual que você!
E com o passar da Espécie Humana pelas complexas relações sociais, as disputas foram aumentando e conseqüentemente as injustiças também. Foram dando mais valor a uma profissão do que a outra e, pior, passaram a pagar esse valor em moeda. Daí um Lixeiro (hoje chamado de coletor pra satisfazer a hipocrisia da Sociedade e o ego do trabalhador), ganhar menos que um engenheiro. Vamos ao Causo... Um médico muito curioso assistia, enquanto esperava seu carro ficar pronto, a um mecânico montar um potente motor de uma Ranger. Cuidadosamente, apertava os parafusos. E o médico atentamente acompanhava a operação. Terminado o processo, limpou cuidadosamente as mãos numa estopa entrou na cabine e acionou a partida. O motorzão urrou fazendo eco no barracão. Voltou-se para o Médico e perguntou se gostou. Diante de uma resposta afirmativa acrescentou: Então, parece uma intervenção cirúrgica feita por um Médico! Só não concordo que ganho tão pouco enquanto vocês ganham uma fortuna. O médico, com uma tranqüilidade bovina, observou: Talvez você venha a ganhar tanto quanto eu quando conseguir fazer toda essa operação com o motor funcionando. (oldack/13/06/013). X NOTA DO REVISOR: Oldack, o médico assistia ao mecânico , isto é, observava o trabalho do mecânico. Ele assistiria o mecânico se lhe prestasse assistência como ajudante. Pelas mesmas razões o médico acompanhava atentamente e não atenciosamente. Neste último caso ele seria atencioso, prestativo ao ajudar o mecânico. Quanto ao "cirurgião dentário", eu não mudei esta expressão para a usual "cirurgião dentista" mas confesso que estranhei muito e, na minha ignorância de que tal expressão pudesse existir, consultei alguns léxicos e até consultei um profissional da área que me assegurou jamais ter visto tal expressão nos manuais de odontologia. Se você pretendeu evitar repetir o termo, por tê-lo usado um pouco antes, poderia ter escrito: "dizia o filho do odontólogo, ou odontologista." Se você concordar comigo, faça a substituição você mesmo. Se quiser manter sua expressão estrábica, fique à vontade. Você poderia argumentar que : dentário não se refere a dente? Eu digo: Sim, mas a meu ver , aqui a expressão correta é a usual. Não há porque fugir dela. Hoje eu extrapolei, você não acha? O comentário quase saiu maior do que seu causo, data vênia. Um abraço! RÉPLICA DO AUTOR: Xicão! Os Caipiras costumam dizer que " a curva é que endireita o anzol " Com os vernáculos (?) tropeços acabo oferecendo aos Leitores uma excelente aula de Língua Portuguesa.