O INGÊNUO E O VIGARISTA
Benedicto Benício, o homem mais rico de Paraguaçu Paulista que conheci. Suas posses: Integridade de Caráter e Saúde. Lendo sua Obra: SAPEZAL – DA ASCENÇÃO AO DECLÍNIO, encontrei lá, como é do feitio de um bom contador de “Causos” (modéstia à parte), um relato que apelidei de: O Ingênuo e o Vigarista. Por mais paradoxal que pareça, outro dia fiquei todo nostálgico com a violência do ser humano num passado bem recente. Na época fiquei com saudades do tempo do batedor de carteiras e do vendedor de bilhetes de loteria premiados. Agora o “escrivinhador”, como carinhosamente ele se auto denomina, me lembrou de uma “profissão” não menos saudosa, criativa e rendosa: O vendedor de máquina de fazer dinheiro. Mas vamos ao “Causo”. O fato se passou no início dos anos 20, época em que a vida na roça era intensa. A maior parte dos sitiantes e fazendeiros vivia com fartura, mas também com muita austeridade. Produziam quase tudo que consumiam, exceto sal. A maioria não tinha empregados, mas contava com família numerosa (de 8 a 10 filhos). Nosso herói em questão, ficou no anonimato para evitar melindres. Certo dia apareceu em seu sítio, um camarada procurando serviço, mas que causava estranheza. Bem vestido, sem chapéu (isso para trabalhador da roça contava como ponto negativo), bem falante... Enfim um camarada “educado”. Sem ser contratado e como já era tardezinha pediu pousada e janta no que foi prontamente atendido, costume entre os sertanejos. No dia seguinte, pela manhã, não foi embora. Acompanhou os que foram para a roça. Ajudou a levar as ferramentas e quando todo mundo pegou o eito ele não se fez de rogado. Enfrentou junto. E assim foi. Logo o patrão percebeu que com aquelas características nunca ia ficar caro. Ficou da família. Tanto que começou a refletir com todos a crueza do trabalhador na roça. Que na cidade tudo era mais fácil e de rendimento maior. Que poderia ajudar no período de transição. E assim foi feito. Venderam os 270 alqueires por 500 contos de Reis. Quantia considerada boa e guardada numa sacola de couro. Junto com o patrão e a sacola, pegaram o trem na estação de Sapezal. Chegando à capital o deslumbramento foi total. Bondes, prédios, carros, sorvetes etc. Chegada a hora de fazer a aquisição de um bom meio de vida, um intermediário foi apresentado: Objeto: UMA MÁQUINA DE FAZER DINHEIRO. Era só tomar cuidado de não fazer muito mais do que precisava para não despertar cobiça. Preço da máquina: 250 Contos de Reis. Apenas metade do preço de venda das terras. Com a “a galinha dos ovos de ouro” numa caixa, o patrão voltou sozinho. O companheiro ficou para trás, como era de se esperar, fazendo uma visita à sua mãezinha que estava muito doente. O final da história pode ser visto no boletim de ocorrência da polícia, lavrado poucos dias depois.(OLDACK/26/01/014).
PS. Nossa homenagem ao Ex Prefeito de Paraguaçu Paulista, que faleceu aos 97 anos de idade no dia 10 de Janeiro de 2 013. Benício, portador de uma grande fortuna que deixou à dsposição de seus munícipes - O SEU CARÁTER.