NOITE DE SÃO JOÃO
Fachos incandescentes rompiam a atmosfera até o alto e de lá, espocavam num esguicho de pequenas luzes iluminando o céu escuro. Um clarão fascinante se espalhava em todas as direções. Brilhava através dos olhos embevecidos de adultos e crianças, como reflexos minimizados do espetáculo pirotécnico. Era o ápice das festas juninas. O barulho dos fogos de artifício foi aos poucos, sendo substituídos pelas batidas dos pandeirões; as matracas marcavam o compasso e os tambores onça acompanhavam a evolução da toada do Bumba Boi da Maioba. O apito do cantador anuncia o ponto alto da cantiga. Após breve pausa, em que os instrumentos se calam o cantador declama o enredo. Com voz tonitruante revela as notas para o “batalhão pesado”.
Morena bonita vem dançar mais eu
Vem encantar meu boi
Você me prometeu.
Nas batidas das matracas vamos bailar
E bate forte o pandeirão
Mais forte bate meu coração
Vem morena...
As grossas matracas emitem sons ensurdecedores; batidas todas ao mesmo tempo, dezenas delas se chocam umas nas outras nas mãos calejadas dos caboclos maiobeiros. Os pandeirões de couro de cabra são espancados violentamente pelos caboclos cujas mãos, não raro, sangram e deixam rubras impressões digitais sobre o rústico instrumento musical. Em seguida, a harmonia da toada é delineada pelos tambores onça, espécie de cuíca um pouco mais artesanal que a usada nas escolas de samba. A indumentária dos brincantes impressiona pelo detalhe das contas multicores cheias de brilho; alguns carregam em suas cabeças chapelões cheios de enfeites, fitas e penas e desenhos bordados com linhas douradas. Moças e rapazes vestindo trajes indígenas com pinturas espalhadas por todo o corpo dançam ao ritmo frenético das toadas. As jovens são, sem dúvida, um espetáculo à parte. Seus pés descalços tocam o solo com leveza; rodopiam de um lado e do outro saltitando seus corpos languidamente. Entre estas lindas moças está Melissa. Uma jovem de pele negra, olhos castanhos; os trajes sumários típicos dos usados pelas índias deixam a mostra seu corpo escultural e esguio. Melissa destacava-se dentre suas companheiras. Seus cabelos formavam longas espirais negras esvoaçantes. O suor brilhava em sua tez escura e seus dentes eram como o marfim polido a mostra no sorriso espontâneo de alegria. Próximo dela e das outras índias, rodopiava o simulacro do boi, símbolo principal dessa festa milenar. Seus chifres pontiagudos ameaçavam as dançarinas que nos passos de dança se esquivavam deles. O homem por debaixo da fantasia do boi era namorado de Melissa. Há anos eles participavam nos inúmeros arraiais da ilha de São Luís nas apresentações do boi de Maioba. Melissa sofria muito com o ciúme obsessivo de Everaldo. A única razão por qual ele permitia que ela participasse das brincadeiras juninas era com a condição irrestrita de acompanhá-la em todos os lugares. Ainda assim, o fantasma do ciúme doentio do namorado a perseguiam por todo lado. Às vezes protagonizava cenas patéticas por causa desse sentimento mórbido. Melissa já não aguentava mais esse comportamento possessivo. Dera-lhe um ultimato. Se não se controlasse ela o o deixaria em definitivo. Sem ao menos levar em conta as ameaças dele, ou o fato de estar com suspeitas de gravidez (a menstruação já estava atrasada bastante tempo e ela andava preocupada). Não estava em seus planos dar a luz. Melissa não dissera nada a esse respeito ao ciumento namorado. Talvez fosse um alarme falso. Mas os sintomas não deixavam dúvidas. Sentia enjoos freqüentes e o desejo de comer coisas, "exóticas" eram constantes.
Soou o apito. Era o anuncio de pausa. Os caboclos iriam aproveitar para tomar cachaça enquanto esquentavam em fogueiras improvisadas seus enormes pandeirões. As chamas esticam mais o couro do instrumento afinando-o para que produzam sons mais harmonioso ás batidas. As moças também aproveitam o momento para enxugarem o suor do corpo e tomar água ou refrigerantes. Algumas não resistem às guloseimas oferecidas nas várias barracas montadas em toda e extensão da Avenida João Pessoa. Nestas barracas vende-se todos os tipos de iguarias. Do peixe frito ao churrasquinho com farinha d’água; do grosso caldo de feijão ao caldo de ovos; e tem os mais variados tipos de cachaça nas misturas mais exóticas; os licores de maracujá, abacaxi e de jenipapo; há também os doces como o quebra-queixo, a cocada, a rapadura e os doces de buriti; o milho cozido e assado, a batata doce, a manga rosa e o jambo. Tudo dividindo o espaço nas calçadas por onde passam os “Batalhões Pesados”. Everaldo distrai-se tomando “tiquira” com o grupo de matraqueiros. Melissa se distancia um pouco; junto com algumas de suas colegas rodeiam uma das barracas para matar a fome e a sede. Ela tira seu cocar da cabeça. Segura-o em uma das mãos enquanto com a outra toma de uma garrafinha de água mineral. Um jovem alto e magro passa pelo apertado corredor da avenida. Acidentalmente, bate no cocar de penas de Melissa. O cocar cai no chão e quase é pisoteado pelos passantes, não fosse a destreza do jovem que com bastante esforço consegue apanhá-lo antes que se transforma-se num amontoado de penas coloridas.
- Por favor, perdoe-me – diz o rapaz enquanto devolve o enfeitado cocar a Melissa – não tive a intenção.
- Tudo bem. A culpa não é toda sua. – diz a bela garota levando o lindo cocar a cabeça.
Ao elevar o rosto, ele repara com deslumbramento a beleza da negra diante dele. Suas pupilas se dilatam devida a admiração provocada ante a sensual Melissa. Ela percebe sua perplexidade. Sorri e seus dentes branquíssimos encantam ainda mais o rapaz.
- Desculpe, posso saber como você se chama – pergunta o rapaz
- Melissa
- Muito prazer, meu nome é Marcelo. Seria uma pena, literalmente, se seu cocar tivesse sido pisoteado. Aonde iria eu conseguir arranjar-lhe um novo?
Ela sorri inclinando timidamente a cabeça. Nesse ínterim, soa o chamado para reinício das apresentações. As danças recomeçariam. As outras índias retornam e chamam Melissa para acompanhá-las.
- Está bem. Já estou indo.
- Melissa... – Marcelo tentava dizer-lhe algo. Mas não conseguiu articular adequadamente as palavras, não assim tão subitamente como exigia a ocasião. Marcelo ainda tomou-lhe do braço. Ela se esquivou sutilmente. Precisava voltar para a festa.
Marcelo ficou absolutamente fascinado por Melissa. Seu coração acelerou no instante em que seus olhos contemplaram os dela. Despertou nele um sentimento incontrolável de vê-la e falar-lhe. Sentia que precisava ficar em sua companhia, descobrir sobre sua história. Ficara tão distraído que levou longo tempo até ouvir o chamado dos colegas que lhe acompanhava.
- Vamos, Marcelo, a gente precisa ir. Tá lembrado que temos prova amanhã?
- Certo, vamos.
Marcelo era estudante de literatura. Cursava o segundo período na Universidade Federal do Maranhão. Gustavo, Rodrigo e Léo eram seus amigos inseparáveis. Todos estudavam na mesma instituição. Gustavo também fazia literatura, Rodrigo fazia ciências sociais e Léo engenharia civil. Com exceção do Léo todos apreciavam muito a cultura das brincadeiras de bumba meu boi. Marcelo agora sentia que tinha um motivo a mais para admirar as festas: Melissa.
- Quem era a garota? - Perguntou Rodrigo, curioso.
- Seu nome é Melissa.
- Bonita – replicou Rodrigo
- Ela é estonteante!
- E aí, o que vocês conversaram? – agora era o Gustavo quem queria saber
- Bem, não houve tempo para conversarmos. Eu esbarrei nela sem querer...
- Sem querer – debochou o Léo
- Foi sem querer, seu malicioso - disse sorrindo - Derrubei sua tiara...
- Tiara não, cocar – corrigiu, Gustavo.
- Sim, seu cocar. E quando ia tentar uma conversação suas amigas a chamaram e então....
- Hum! Entendi. Será que é solteira?
- Não deu pra saber. Ao menos não usa aliança.
- O que não significa dizer que não seja comprometida...
- Se fosse minha namorada, jamais usaria trajes como aqueles. É bonito de se ver quando a mulher não é sua – disse Léo.
- Com a palavra o machão da turma! Do jeito que anda a nossa sorte com as mulheres, seria um autêntico milagre que ao menos uma dessas meninas seminuas olhasse para nós – disse Rodrigo em tom pessimista.
- Credo, Rodrigo! Jesus te repreenda! Nós somos nerds mais não estamos tão a perigo assim, né? Acontece que temos que cuidar de nossas obrigações acadêmicas. Nem sempre dá pra conciliar essas coisas, concorda comigo Marcelo? – indagou Gustavo.
- Eh! Pode ser...Não sei.
- Essa garota te impressionou mesmo não foi?
- Onde ficou o carro – perguntou Marcelo
- Bem, tive que estacioná-lo lá em cima nas proximidades da feira. Por quê?
- Eu irei mais tarde. Pego um táxi.
- Que foi que houve cara? Por que você quer ficar?
- E você ainda não adivinha Rodrigo? – disse Léo – tá, Marcelo tudo bem. Vá lá. Depois passo aqui pra te pegar. Mas, toma cuidado, hein!
- Obrigado, Leonardo. Até mais turma.
Marcelo retorna para o meio da praça. A apresentação do Boi de Maioba está no seu apogeu. O cantador canta seus versos. As matracas e pandeirões fazem o chão tremer. O boi se movimenta alucinadamente. As índias fazem suas danças estonteantes. Marcelo procura ver Melissa entre elas. Mas o grupo é numeroso. De repente, alguém cai perigosamente entre as dançarinas. Faz-se pequeno alvoroço para evitar que a pessoa seja pisoteada. Marcelo corre naquela direção rompendo o limite dos espectadores. Abre caminho sem saber ao certo o que faz. Toma Melissa pelos braços. Uma forte vertigem a levara ao chão. Com rapidez Marcelo consegue carregá-la até uma ambulância estacionada nas proximidades para atendimento de urgência. Uma aflição inexplicável se apoderava dele. Enquanto conduzia o corpo inerte de Melissa, se angustiava por não saber o que lhe estava acontecendo. “Vai ficar tudo bem, meu amor” dizia de si para si. Suas preocupações tinham a imaturidade das paixões súbitas. O atendimento foi rápido. A paciente sentira-se mal por conta de seu estado de gravidez que agora se confirmava. Depois de administrada uma medicação a base de glicose, Melissa recuperou-se para alívio de Marcelo.
Neste meio tempo, Everaldo se adiantava cambaleante da unidade de atendimento móvel. Alguém o havia informado do ocorrido com sua namorada. Apesar do elevado estado de embriaguez, ele conseguiu seguir em direção à ambulância. Quedou-se surpreso quando viu Melissa já inteiramente recuperada do susto, amparada pelos braços de Marcelo que acariciava suavemente os seus cabelos encaracolados. Uma ira repentina transtornou seus pensamentos. O efeito da bebida destilada alterou ainda mais seus sentidos e o ciúme lhe queimava por dentro. Tentou separá-los caminhando na direção deles de modo trôpego. Ambos esquivaram-se dele. Por pouco, Everaldo não caiu com o rosto no chão.
- Melissa – começou ele a dizer com voz arrastada e confusa – quem é esse cara?
- Everaldo, calma. Não é nada do que você está pensado. O Marcelo me ajudou quando passei mal e quase fui pisoteada. Ninguém deu conta de mim – disse ela com certo sarcasmo.
Everaldo já não os ouvia. Estava confuso. Seu corpo não o obedecia. Sentou-se a beira da calçada desolado e chorou acusando Melissa de traição.
- Vamos, Melissa, deixa-me levar você pra casa. – pediu Marcelo
- Não. Não posso deixá-lo assim...
- Deixe. Eu cuido dele depois.
Melissa olhou para o seu benfeitor. Ela se sentia segura ao lado dele. Parecia que já se conheciam há muito tempo. Ela sorriu para ele e concordou em deixar-se levar para casa.
Assim que deram as costas ao bêbado, que somente esteve fingindo o descontrole que demonstrou ao casal, Everaldo puxou de uma faca, oculta por trás da camisa. Correu agilmente para cima de Melissa a fim de feri-la. No mesmo instante, percebendo o movimento do agressor, Marcelo vira-se rapidamente. A faca por pouco não atinge a garganta da jovem morena. Marcelo é apunhalado brutalmente no braço. O jovem estudante de literatura, mesmo com um grave ferimento no antebraço, tenta defender Melissa. Everaldo, ainda mais fora de si por ter errado seu alvo, decide dar cabo de Marcelo também. A lâmina afiada é novamente impulsionada na direção de Marcelo. Por pouco não lhe atinge o abdômen. Marcelo se esquiva o quanto pode de seu agressor enquanto pede desesperadamente que Melissa fuja correndo.
Melissa corre. Suas lágrimas deixam rasto sobre o chão frio. Procura desesperadamente por ajuda. Ao notar o desespero nos olhos da morena, alguns dos seus amigos do grupo de brincantes vem ao seu auxílio.
- Por favor, ajudem! Ajudem! O Everaldo está armado. Não deixem que ele machuque o Marcelo...
Alguns homens correm na direção em que se iniciara a confusão. Quando chegam ao local. Encontram um corpo ensaguentado no chão. Sua jugular dilacerada pelo violento golpe da arma letal. Sua vida esvaindo-se em convulsões. Uma ultima contração assinala a morte. O jovem acadêmico tem fim trágico por defender a vida da bela morena cujo olhar ele ainda carregava na lembrança quando a lâmina feroz lhe cortou a garganta.
Um intenso alvoroço se faz. O assassino tenta fugir da multidão que agora o persegue. Embrenhasse no meio dos brincantes que ainda não se davam conta do evento funesto ocorrido não tão distante dali. O som atordoante dos pandeirões e matracas continuam em seu ritmo frenético. As danças acompanham as vibrações dos tambores e dos maracás; a ausência de uma das integrantes não diminui a animação das índias que balançam seus corpos ante as investidas do boi. A coreografia é alterada com a intervenção repentina de Everaldo que na tentativa de escapar de seus perseguidores segura a fantasia do boi e tenta arrancar do seu substituto que lhe resiste fortemente. Intencionava esconder-se sob o objeto símbolo da festa de bumba boi. A toada lhe atordoa a mente. Sua cabeça dói. Uma agonia se lhe apodera da alma. Em seu desespero de assassino, Everaldo expõe novamente a faca e avança sobre o homem por baixo da fantasia para feri-lo. O homem se esquiva e num salto impressionante atira-se sobre Everaldo. Pego de surpresa, o assassino de Marcelo não tem tempo para desviar-se da investida e é atingido em cheio pelo par de chifres que lhe perfura a barriga mortalmente. Everaldo cai no chão segurando nas mãos as vísceras que lhe escapam pelas perfurações profundas. Instante depois cai sem vida. De repente, tudo se transforma num só alvoroço; a chegada da polícia desfaz o tumulto.
Quando Léo chega ao local da festa pra levar para casa o amigo, como combinado, o local do alegre festejo agora mais parece com um cortejo fúnebre. As pessoas balançam a cabeça negando-se a entender o motivo que conduziu os acontecimentos para um desfecho tão trágico. Os corpos são retirados. Léo sente um calafrio ao procurar pelo amigo e não conseguindo encontrar. As ligações para o celular dele não são atendidas. Léo começa a se afligir. Os funcionários do IML conduzem o corpo de Everaldo. Em seguida o segundo cadáver é levado para o rabecão. Melissa acompanha inconsolável o corpo de Marcelo. Léo percebe nos olhos tristes da morena a extensão da tragédia ocorrida. Aproxima-se e descobre o manto negro que cobria o corpo do amigo. Seus olhos se enchem de dolorosas lágrimas ao ver o rosto lívido de Marcelo. Recusava-se a crer que estava diante do cadáver do melhor amigo. Um tremor lhe percorre o corpo inteiro. Sente vertigem. Melissa o ajuda a recobrar o equilíbrio.
– Era seu amigo – pergunta. Léo balança a cabeça afirmativamente.
– Eu sinto muito.
– Como aconteceu isso? Meu Deus, Marcelo nunca fez mal a ninguém! Como puderam fazer isso com ele?
- Melissa não sabia o que dizer. Sentia-se amargurada e ressentida. Sentia-se diretamente culpada pela morte de Marcelo. O que o futuro lhe reservaria agora? Pulsava em seu ventre o filho do homem que provocou toda a sua infelicidade. A ideia do aborto lhe pareceu razoável num primeiro momento, mas pensou que provavelmente jovem Marcelo não seria de acordo com essa ideia sinistra. Decidiu que homenagearia seu filho com o nome do seu salvador. Era o mínimo que poderia fazer por ele depois de tudo o que fizera por ela.
Melissa nunca mais seria vista novamente em meio às festas de Bumba boi. Depois da tragédia que marcou sua vida para sempre, ela não sentia mais o menor entusiasmo em participar. Recusaria todos os convites. Entrou para a faculdade onde iniciou um curso de pedagogia. Elaborou um premiado texto tratando da cultura maranhense e a relação do Bumba Boi como expressão maior do folclore no estado. Dizia seu relato que a tradicional festa de Bumba boi do Maranhão teve origem numa lenda do período colonial. Dizia a lenda que o escravo de um rico proprietário de engenho estava com a mulher grávida. Esta sentiu, na calada da noite, o intenso desejo de comer língua de boi. As superstições ditavam as regras de comportamento da maioria das pessoas dessas regiões. Não se podia deixar de atender os desejos de uma mulher grávida sem colocar em riscos sua gestação. O dono do casal de escravos tinha um boi cevado o qual era tratado com muito zelo. O próprio escravo se afeiçoara muito do animal. Quando sua mulher pediu-lhe do órgão do animal, ele quase desesperava. Mas não hesitou por muito tempo em sacrificar o boi e arrancar-lhe a língua. Dela fizera um delicioso ensopado e deu a mulher. Esta comeu o ensopado com o mais intenso prazer. Ainda não havia comido tudo quando logo em seguida vomitou tudo, enojada. O senhor de engenho, dono do escravo e do boi, procurou seu animal e encontrou os restos mortais deste com sua língua arrancada. Fez uma rigorosa investigação e descobriu que aquele seu escravo é quem tinha sido responsável pela morte do boi. Preparava-se para sacrificar também o escravo que matara seu tão estimado animal. Mas o escravo prometeu que poderia trazer o boi de volta a vida se o seu senhor poupasse a dele. Desconfiado mas, curioso com a proposta do escravo, resolveu libertá-lo e fixou um curto prazo para que ele trouxesse seu boi de volta. Então o escravo convocou todos os feiticeiros da região para que invocassem os espíritos a fim de ressuscitar o boi do seu senhor. Os feiticeiros fizeram seus encantamentos, invocaram os espíritos e o animal, enfim recuperou a vida de volta. Então se fez uma grande festa que durou um mês inteiro por conta daquele senhor. As festas de bumba boi rememoram esses acontecimentos.
Melissa, perdida em seus pensamentos traçou um paralelo entre o drama que vivera com a lenda do boi da lenda. Havia sacrifício e tragédia e curiosamente, uma mulher grávida como ela estivera. Ao menos naquela lenda houve um final mais feliz.