LADRÃO!?
LADRÃO!!!?
Madrugada de sexta-feira 00:10, andando lentamente a caminho de casa após uma boa conversa com amigos, um bom champanhe comemorando mais um ano de vida do meu grande amigo.
Contornando a rua da minha casa, lentamente abraçado a um dos postes, sorrindo, realmente feliz. Quando de repente um homem de baixa altura, com 30 anos por mim atribuídos, passa por mim a alta velocidade, mais sua imagem passa pela minha cabeça lentamente... Esforçava seu corpo e seus músculos pareciam não responder com perfeição ao seu cérebro, mesmo sem iluminação vi em seus olhos o quão ele negava o que parecia estar pré-destinado, é como se ele dissesse à ele mesmo:
“Corra, corra, corra o máximo que puderes, até onde puderes, não desista, não tens como desistir, não há quem chamar, sou eu e eu mesmo...”. Nesse momento quase que lhe saía um grito, mas tudo o que ouvi foi um suspiro tremulo, era o auge do desespero lhe sufocando.
E lá foi ele, dois, três passos, e um pau enorme contornava a minha rua, um jovem o segurava como quem segura uma taça, era ali onde estava toda sua força, era seu sinal de poder, soltou um grito inseguro La.Drão!!! Ladrão!!!, o jovem que o seguia também gritava e sorria, corriam com todas suas energias, mas reservando-as para seu objectivo final.
Minha rua tem umas sete casas em uma fila e é intersectada por um mercado, onde se encontrava um número de pessoas considerável para chamar de grupo, bebendo. Ouvindo os gritos olharam para o suposto ladrão, que já estava a contornar a rua, de repente foi acertado de raspão pelo jovem que carregava o pau, que caricatamente caiu… A substituição foi imediata, não deu para ver, mas pelos gritos deu para entender que o “Ladrão” tinha sido capturado.
“É bom. é bom; Estavas a roubar a pensar o quê? Bate, Bate... Parem, parem, estão a matar.” foi tudo o que ouvi, e tudo o que quis ouvir, abri o portão de casa e entrei… Tenho mil questões em minha mente, uma é que mais me incomoda e vem acompanhada do grito… LADRÃO!!!...?
“Uma vida se foi, tirada por homens que nada sabiam acerca dela, somente julgaram, induzidas pelo julgamento de outras pessoas. A verdade morreu, e parte dela viverá eternamente na psique dos dois jovens promotores da morte daquele homem, uma nova verdade sairá das suas bocas, para a sua liberdade, consolando aos demais e motivando-os por terem feito justiça, e jamais sentirão remorso por terem contribuído para morte de um irmão."
"A empatia ajuda-nos a modelar as nossas acções, torna-nos mais humanos e menos animais."
Lélio Machava