Doroty era filha única e, Malvina, sua mãe, morava com ela, o marido e as duas filhas.

As netas, duas meninas, a adoravam pois ela fazia o que quase todas as avós fazem, mimava, fazia-lhes as vontades, escondia as travessuras.

Mas toda a felicidade se foi quando a filha faleceu inesperadamente e acabou de ruir quando o genro resolveu casar-se de novo.

As meninas se revoltaram. Achavam que o pai estava traindo a memória da mãe. Eram adolescentes, mimadas e não conseguiam aceitar a situação que era realmente dificil.

Malvina, conscientemente, achava natural que o genro arranjasse outra companheira, mas emocionalmente não conseguia aceitar a idéia de outra mulher ocupando o lugar que fora de sua filha.

Não podia sair da casa pois não tinha para onde ir. Dependia economicamente do genro. Enquanto tinha a filha sentia-se confortavel porque a filha trabalhava fora e ela ajudava muito com a casa e as meninas, de modos que o que lhe davam parecia justo.

Mas agora a situação era outra. A segunda esposa de seu genro não tinha qualquer ligação com ela e ficava muito estranha sua permanência na casa deles.

Ela podia trabalhar?

Com mais de setenta anos, sem nunca ter trabalhado fora, com alguns problemas de saude, o que poderia fazer?

Um asilo?

O genro não concordaria com isso. Ele tinha muito afeto ´por ela. As netas sofreriam muito se a perdessem mormente agora que já tinham perdido a mãe. Sempre moraram juntos e ele não via por que não podiam continuar assim.

Olga, o pivô da encrenca, tudo que queria era ter uma emocionante vida a dois como toda recém-casada. Apaixonara-se por um homem que já tinha duas filhas e uma sogra. Sabia que seria difícil, mas não imaginara quanto.

Todos sofriam, escondiam uma mágoa que sabiam ser injusta, mas não encontravam uma solução.

Estavam mesmo em um beco sem saída.

E dai?