Magú I
Capítulo I
O final de tarde cai em um silêncio gritante sobre fechos de luz do Sol lançadas no horizonte, onde parece criar por um instante uma pequena existência. Algo alheio os chão que se pisa.
Colocando os mochos (assim eram chamados os bancos de madeira com assento de pele de boi) para fora de casa no convite de que os vizinhos venham se sentar e levar uma proza até que fosse hora de dormir.
Um homem de estatura baixa colunas vergadas devido o trabalho duro de sol na roça. As mãos caliçadas e ásperas de se esfolar continuamente na inchada, a mente vazia de ideias sobre pressa, contas e fechamento do mês.
A passos arrastados e andar molengo um corpo franzino se aproxima saindo do escuro da rua de piçarra e entrando sobre a luz da lamparina que nesse momento dançava tentando sobreviver ao vento.
Tendo uma rua larga e escura, onde se poderia ver apenas alguns centímetros a sua frente. Uma igreja de fundo fazia referencia ao final da encruzilhada, construída com a frente inclinada pra uma das entradas, parecia convidar e indicar o melhor caminho para seguir, e de certo era.
Sob um céu onde não se ousaria conta as estrelas, duas silhuetas surgem na calada da noite como se os mesmos fizessem parte do cenário penumbro.
Um grito que mais parecia um lamento que um cumprimento rompe a calada da noite como se retirasse dela parte da massa escura que pesava sobre os dois. Em resposta a segunda figura se levanta e lamenta em alto e bom som, com o mesmo grito, porém com tom de confirmação. Enquanto os mosquitos pairavam sobre a pele já esticada e cansada de Sol, a figura se aproxima do pequeno portão de madeira que para muitos poderia parecer provisório quando na verdade era definitivo. Adentrando o terreno arenoso, de areia cinzenta que mais parecia derivar das cinzas de seu passado. A segunda figura senta-se no banco menor. Irão iniciar uma conversa que até hoje só foi ouvida pelos ventos vazios e pelo rio que revira areia no seu fundo e leva segredos e mistérios em suas águas.
Continua...