A FAÇANHA DE UMA CADELINHA
Conta-se que antigamente, durante os tradicionais festejos religiosos da cidade de Bocaina, na região de Picos, interior do Piauí, os fiéis de Nossa Senhora da Conceição para lá se dirigiam predominantemente a pé ou em animais de montaria: cavalos, burros, jumentos... Pois eram muito raros os automóveis existentes em toda a região naquela época. Certa vez, uma cadelinha vira-lata prenhe acompanhou de madrugada o dono à distância pela estrada, sem que este percebesse. Ao cair da tarde daquele longínquo dia 8 de dezembro, alguém viu a cadelinha parida de quatro cachorrinhos nos arredores da cidadezinha em festa. Porém, o seu dono, que voltou à tarde depois do encerramento da festa religiosa, não os viu, e, por isso, não trouxe sua cadelinha com seus filhotes. Acontece que no dia seguinte, de manhã bem cedo, ela apareceu e estava com os seus quatro filhotes próximos à casa do dono, na Ipueiras, em Picos. Pelo que se sabe, ninguém a trouxe com os filhotes. Como teria feito aquela cadelinha para transportar todos os seus filhotes durante a noite inteira, amanhecendo em seu lugar? Como ela conseguira tal façanha? Sabemos que animais dessa espécie carregam/conduzem os filhotes na boca, um de cada vez. Entretanto, a distância que separa as duas cidades é de 22 quilômetros.
Quando se trata desse saudoso causo ocorrido há muito tempo, sempre há controvérsias, algumas divergências de opiniões... Sobretudo no que diz respeito à forma como aquela cadelinha trouxe seus quatro filhotes recém-nascidos: Se trazia um de cada vez em viagem completa, ou se em frações da estrada, pouco a pouco... Indo e voltando sucessivamente...