BOLHAS DE SABÃO

BOLHAS DE SABÃO

Um, dois, três e já!... E nada de bolhinhas de sabão!

- Seu bobinho, eu não vou te ensinar, dizia meu irmão, trepado num galho de goiabeira.

- E lá vou eu de novo molhar o canudinho na água! Soprava, soprava, e nada de bolhinhas.

- Seu bobinho, repetia ele: eu não vou te ensinar!

Destarte, aquilo estava me irritando, pois, por várias vezes eu havia tentado e nada de bolhinhas, deixando- o feliz a catar suas goiabas gorduchas e apetitosas. Eu ansiava por ver aquelas bolhinhas ao vento...suas cores indescritivelmente belas e brilhantes em graciosas danças.

Eu o havia visto a praticar aquela arte de soprar bolhinhas, deixando-me fascinado..parecia um sonho, vendo-o a levantá-las uma a uma, sem esforço, com aquele mesmo canudinho de bambu.

O cheiro maduro das goiabas ao chão me atiçava a também mordiscar algumas delas, deixando de lado as bolhinhas de sabão, enquanto ele, encavalado numa forquilha, saboreava uma a uma, sem se importar em me avisar que as do chão estavam podres.

Então? Disse ele com uma polpuda na mão: vamos trocar? Eu lhe dou esta aqui e você me devolve meu canudinho.

Pensei por alguns instantes, sem tirar os olhos daquela beleza de fruta, estufada de doçura. Topo, mas quero trepar nesse galho aí onde você está.

Assim nos compusemos nas casualidades de nossos interesses e naquele tronco fiquei a deliciar outras goiabas sem bicho, enquanto feliz, ele corria pelas ramagens verde atrás de suas bolhinhas de sabão. Saudades, mano-véio!

Do livro poeira e flor vol II

EGÊ VALADARES
Enviado por EGÊ VALADARES em 11/11/2013
Reeditado em 03/02/2014
Código do texto: T4566566
Classificação de conteúdo: seguro