O PRESO DO CAMBURÃO
Mauro é um grande criador de abelhas. Todos os dias lá vai ele com mochila às costas para mais um dia de trabalho.
Para ele chegar à fazenda, ele precisa pegar carona, pois a distância é mais ou menos uns dezoito quilômetros e fazer este percurso em caminhada, vai demorar muito.
No outro dia, ele estava no ponto e passou uma viatura da polícia e pediu uma informação para ele, sobre como chegar a uma cidade próxima a sua. Como de costume, sendo ele muito educado,prestou as informações necessárias e permaneceu aguardando mais uma carona para chegar ao seu trabalho.
O motorista da viatura ficou feliz com a informação e lhe ofereceu uma carona. Sem pensar, aceitou a carona e disse que ficaria muito feliz, mas o motorista pediu que ele fosse na parte de trás do camburão, porque havia outros oficiais e somente no compartimento do “preso” havia lugar.
Quando chegou a cidade, sendo esta cidade pequena, destas do tipo em que as pessoas vão para rua ver o que está acontecendo e tudo o que acontece é novidade, Mauro não se precipitou, porém queria chegar ao seu destino.
Nesta cidade, foi palco de um assassinato bem bárbaro, mas até aquela data ainda não havia sido esclarecido e a população estava cobrando do prefeito uma solução.
O momento foi propício. Por volta das quatorze horas, encosta a viatura, com cinco oficiais, junto a porta da prefeitura. As pessoas, como de costume, começaram a olhar pela janela, saiam pela calçada querendo saber o que estava acontecendo. Uns diziam que já havia descoberto o criminoso e que a prefeitura estava aguardando a chegada da imprensa para mostrá-lo para a sociedade. Até ai, tudo bem. Mauro, então não sabia o que estava acontecendo. Parecia que os oficiais tinham esquecido dele.
Na sua condição, era difícil prever o que estava acontecendo. Nem mesmo ele sabia do crime na cidade, ou seja, sabia, mas nem pensava sobre a sociedade. Ele, porém, só queria saber de sair dali de dentro da viatura. Procura um jeito, mas não conseguia.
À sua volta, ele pode ouvir algumas pessoas dizendo que o criminoso estava ali dentro. Estava perto e assim que saísse ia levar uma surra tão grande. Porém foi somente comentários.
Por sua felicidade, ele ouviu a voz do prefeito que a polícia não tinha encontrado o delinqüente, mas estava a sua procura. Já sabia que fora o João, conhecido por matador de porco, que estava roubando tudo na cidade. A sua prisão era prevista a qualquer momento e quando este momento chegasse, anunciaria para a população.
Mauro já estava sufocado. Já estava dentro daquele camburão por volta de mais de duas horas e não conseguia sair. Enquanto os oficiais estavam conversando com o prefeito, Mauro já estava com vontade de fazer xixi, de tomar água, de sair andando, mas eles não abriam a porta do camburão.
Passados alguns minutos, pela felicidade de Mauro, um dos oficiais disse para o prefeito que havia dado carona para uma pessoa e eles o esqueceram dentro do camburão.
A população não se conformava que João ainda não tinha sido capturado. Era um descontentamento geral.
Mauro, já cansado e torturado de ficar preso ou esquecido dentro do camburão resolveu gritar mais uma vez.
Antônio, um dos mais fofoqueiros da cidade, disse para alguns que a polícia estava mentindo e que o João estava dentro do camburão. Então, vamos abrir a porta e dar uma surra no João.
Em um instante, Mauro ouviu alguns dizendo, vamos pegá-lo, vamos dar um “pau” nele para ele aprender a nos roubar. Vamos...
Mauro ouviu a tampa se abrir e aquela quantidade de pessoas gritando.
A surpresa foi tanta, que Antônio disse que era o criador de abelhas que estava preso.
Muitos risos, muitas chacotas. Então, Mauro desceu correndo, com sua sacola na mão e o povo gritando e ele perguntando onde tinha um banheiro, pois estava super apertado...
Então a paz voltou. No outro dia, João foi preso e Mauro ficou conhecido na cidade como Mauro do Camburão.