BRINCO QUEBRADO, MARIDO TROCADO
Passando a mão pela orelha percebeu o brinco quebrado, os diamantes perdidos pelo chão, seus olhos encheram-se de lágrimas, foram ganhos do marido, e agora o que diria a ele? Pensou, refletiu e resolveu contar-lhe a verdade, afinal ela não tinha culpa do ocorrido, era somente uma questão de mandá-los arrumar.
Todavia, ao virar a esquina da rua de sua casa é atropelada por um homem que ao ser olhado por ela a deixa em pânico. Era seu ex-namorado, que lhe dá um esbarrão levando-a ao chão. Mais do que depressa ele apressa-se em ajudá-la.
Friamente, ela caminha como se fosse um zumbi em direção a casa, mas o homem a segue e a detém:
- Então Filomena não fala mais comigo? Nem quando te atropelo?
- Não tenho nada para falar com você, Ismael.
- Ora, ora, então a dona Filomena agora se arma em poderosa e nem fala com seu velho amor! E riu-se ele.
Filomena sai andando sem olha para trás, e pensa com seus botões: mas que dia hoje, primeiro os meus brincos quebrados, e agora esse desgraçado que quebrou meu coração. Só pode ser pesadelo, vou voltar para casa e me enfiar debaixo dos cobertores, quem sabe ao acordar vou perceber que tudo não passou de um sonho. Isso é que dá querer passear pelo bairro a pé.
Quando entra em casa percebe um barulho em seu quarto, pé ante pé ela caminha em direção à porta, e para estagnada, o que vê a deixa perplexa, seu marido em frente ao espelho, com seu vestido vermelho mais elegante. Pela fresta da porta ela ouve uma risada, então percebe que ele não está só, havia uma mulher ali sentada em sua cama.
Filomena friamente fica ouvindo a conversa dos dois:
- Prazer, sou Filomena, ele imitando a voz da esposa. Rindo, e caçoando dela que ouvia tudo, atenta com o coração em frangalhos.
- Querido, ela não tem classe para ti, eu sou a mulher certa. Está combinado que na próxima semana você vai pedir o divórcio, já não suporto mais essa espera.
- Calma Carlinha, é tudo uma questão de tempo, e dinheiro, sem dúvida que não sairei desse casamento com uma mão na frente, e outra atrás. Não me sacrifiquei em vão, e agora por tudo a perder porque você quer que eu me divorcie rapidamente, as coisas não funcionam assim.
- Meu caro Fernando, ela imitando a Filomena, este casamento está acabado há muito tempo, você nunca amou essa mulher, e agora isso termina quando? No dia de são nunca?!
Filomena nessa hora sai de trás da porta e olha em direção dos dois, eles ficam olhando sem ação para ela. Arma em punho avança no meio do quarto e dá dois tiros para o teto.
Fernando cai sentado ao chão e Carlinha desmaia. Sem dizer uma palavra ela aponta a arma em direção ao peito do marido e enfia o cano através do vestido que está aberto e diz a ele calmamente:
- Muito bem, agora meu maridinho querido, você vai tirar toda a roupa. Ele sem dizer uma palavra retira o vestido e em voz quase inaudível diz:
- Querida o que vai fazer?
- Agora tire o resto da roupa da vagabunda da sua amante, já agora, antes que eu mude de idéia e meta uma bala no meio dos olhos dos dois.
Fernando sem pestanejar vai fazendo o que a esposa manda, pois conhece muito bem a pontaria dela, afinal foi ele mesmo que ensinou a empunhar uma arma e atirar. Dizia que era para defesa pessoal.
Os dois nus. Filomena então olha a cena e começa a rir. Fernando sem entender nada fica olhando a esposa sem entender qual é o seu plano.
- Acorde a vagabunda Fernando, rápido. Disse a esposa.
Ele então começa a bater levemente no rosto de Carla. Ela acorda e quase volta a desmaiar ao perceber que está nua, mas Filomena grita:
- Nem pense em desmaiar novamente, pois tenho planos para os dois.
Passaram-se quase uma hora, Filomena olha para os dois satisfeita com o que vê.Fixa o relógio e percebe que está na hora do show. São exatas seis horas da tarde, estão todos saindo de seus trabalhos.
- Muito bem, os pombinhos agora podem ir em direção a garagem.
- O que vai fazer Filó? Pergunta Fernando.
- Quieto meu caro, logo vai saber. Ela então chama o motorista pelo interfone:
- Sérgio, por favor, traga o cartaz que mandei você fazer agora pouco e tire o carro da garagem, ah sim, o conversível por favor.
Sérgio aparece no quarto com um cartaz em letras garrafais, o que deixa sua patroa muito contente.
- Agora coloque o cartaz no pescoço do Fernando. O motorista sem pestanejar faz o que manda a patroa. Pensa consigo mesmo: essa gente rica tem cada uma, o que vai fazer essa doida?! Bem, nem me interessa, o que importa é manter meu trabalho.
- O carro já está na porta senhora.
- Muito obrigada Sérgio. Agora vocês dois em direção ao carro, rápido.
Caminham, Carla e Fernando sem entenderem nada do que Filomena irá fazer.
Sérgio ao volante já nem se agüenta de vontade de rir, mas percebe o olhar da patroa e segura o riso.
Os dois atrás, Carla e Fernando, numa Ferrari vermelha, descapotável, em pé, desfilando pelas ruas do Morumbi em São Paulo, ele, o marido com vestido vermelho sem costas até a cintura, e a frente um cartaz que dizia: SOU UM MARIDO QUE JÁ NÃO FUNCIONO COM MULHER, QUEM QUER?
Carla toda nua com outro cartaz a frente que dizia:
SOU A VAGABUNDA DO PEDAÇO ALGUÉM SE HABILITA?
Vingança é um prato que se come frio, pensou Filomena. Ela sem pestanejar manda os dois descerem do carro em plena Avenida Paulista, depois de andarem por muito tempo. Sem coragem para tal, eles imploram para que Filomena não faça isso. Ela, no entanto, com frieza manda Sérgio retirá-los do carro, nem que seja a força.
Ficaram os dois em plena Avenida Paulista, já passavam das oito horas da noite. Sem dinheiro, Carla sem roupa e começa a chover na terra da garoa.
Pois é, Filomena se vingou, voltou para casa, ligou ao seu advogado, pediu o divórcio.
Hoje? Ah, hoje ela vive tranqüila com seu velho amor, sim aquele do esbarrão.
Ela o perdoou por ter quebrado seu coração na época de menina-moça. Gustavo ganhou na loteria sozinho, e era tão rico quanto Filomena.
Agora, ela tem novos brincos, não iguais ao de antigamente, pois aqueles ela mandou consertar e o leiloou para uma instituição de caridade.
Carla e o ex-marido? Bem, esses dois hoje não estão mais juntos. Ela trabalha numa lanchonete lá na vila Brasilândia de garçonete, servindo a rapaziada toda do pedaço.
O ex, bem esse se deu muito mal, coitado, trabalha entregando pizza em toda a baixa paulista. Também quem mandou dar o golpe do baú e tentar se armar em se dar bem. Pois se deu mal.
Nota: qualquer semelhança com fatos reais podem ser coincidências.
Silvya Gallanni
12/10/2013