Meu filho Raul
Hoje foi um dia bem interessante...
Quinta-feira, chuva, um livro, um cigarro e um vinho... Tudo perfeito.
Fiquei pensando nas crianças na creche, que acordaram cedo e tiveram que ir ficar lá. Longe dos pais, que ou estavam trabalhando ou apenas lagarteando como eu estava nesse momento. Isso me bateu de imensa forte e um sentimento de culpa invadiu todo meu ser.
Rapidamente me arrumei, um banho rápido e coloquei uma roupa bem quentinha e saí destinado a passar na creche e pegar meu filho Raul, iria leva-lo para passar o dia comigo, afinal, eu estou de férias e nada mais junto que passar um tempo com ele.
Desci rápido e entrei no carro. No caminho eu pensava no que fazer. Talvez um shopping, ou um lanche numa grande rede de hambúrgueres. Minha vontade era mesmo ir no KFC, onde vende o melhor frango frito do mundo, mas ele é muito pequeno para isso. No rádio toca uma velha canção do Soul Asylum, vou ouvindo-a em inglês, cantando em aramaico e quem me ouvia da rua deveria achar que era japonês.
A chuva melecou o trânsito. Carros por todos os lados, o caos, as buzinas, aqueles barulhos irritantes... Resolvi fechar os vidros, seria melhor.
Depois de quase 40 minutos para percorrer um trecho que eu levaria cinco em tempos normais, cheguei na creche. Entrei, cumprimentei todos os funcionários e tomei um café na recepção. Alguns pais tiveram a mesma ideia e lá estava eu pegando meu bebê e levando para passear.
Passamos nos brinquedos do shopping e fomos para casa.
Nesse exato momento, vejo seu rosto angelical dormindo e me dou conta que meu filho não se chama Raul. Na verdade, percebo que eu nem tenho filho. Quem é essa criança dormindo em minha casa?