Deus Me Perdoe Mas Há Males Que Vêm Para Nos Fazer Vingativo!
Parece que se passou muito mais do que um ano desde o dia em que ele se foi, pensou a Joyce.
Aquele dia ela nunca fez questão em esquecer. Porque? Por que era o dia da sua libertação. Ele apenas a notificou: "Tô indo embora, Joyce." Estava indo por que queria seguir o seu caminho e ser feliz. Jurou que não havia outra. Ainda lhe deu um conselho: "Joyce, pára de pensar nos outros primeiro! Você não se ama mesmo. Sempre cedendo, sempre deixando suas vontades de lado. Vê se você se ama antes de amar aos outros, tá?" Pois é, Joyce! Custou a cair a ficha mas ela finalmente caiu e você entendeu com todas as letras: Já não existia mais nada entre vocês dois. NA-DA! Fim! Ponto final!
Ela soube pouco tempo depois que havia outra sim. Uma outra não. Várias outras. E no fundo, bem no fundo, a Joyce sabia porém, no seu mais intimo ela queria acreditar que era tudo fantasia da sua imaginação fértil. A cada nova revelação, ela ficava com raiva e o xingava de todos os nomes que jamais encontraria no Aurélio ou pelo menos não no Dicionário Aurélio Ilustrado.
Mas pra compensar, as suas noites já não eram mais aquele pesadelo todo. Nem as noites mal dormidas por que ele chegava bem tarde algumas noites e vinha com a mesma ladainha de sempre que tinha que prestar contas do evento ou festa com o seu chefe. Eram muitos detalhes, segundo ele, e ela acreditava, mesmo com aquela pequena desconfiança que roía suas entranhas. Também se preocupava demais com ele dirigindo por aí pois já eram altas horas e ele ainda 'trabalhando', fazendo um grande evento ou recepção. Só mesmo Deus sabe quem volta pra casa ou não. Um dia a sorte dele acabaria ou melhor, as orações que ela fazia deixariam de ser feitas e aí ele teria que tomar muito cuidado ao voltar pra casa sem a proteção dos santos a quem ela convocava para guiá-lo são e salvo de volta pra casa.
Dormir que nem um bebê novamente! Quem diria! Um luxo, uma delícia! Não ter apenas o lado esquerdo da cama para si mas sim, a cama todinha! E o melhor de tudo: SILÊNCIO TOTAL! Nenhum ronco! Pode ler até cair no sono com o seu abajur aceso e ainda ouvir sua rádio AM até dizer chega sem ouvir queixa nenhuma. Pensando bem, há males que realmente vem para o bem.
Não tinha melhor maneira do que esta para retribuir a nova vida que ele havia lhe proporcionado as vésperas do seu aniversário de casamento.
A Joyce se vestiu casualmente e se maquiou com cores discretas. Não queria uma maquiagem pesada. Longe dela ficar com cara de vulgar aquela hora do dia. Ligou pro ponto de táxi próximo da sua residência e enquanto aguardava, deu os toques finais naquela caixa embrulhada em papel de presente importado da cor roxa com uma linda fita preta. Ah! Não poderia esquecer o cartão!
Caro João,
Quero lhe agradecer pelo primeiro ano da minha libertação. Sim! Libertação! Só mesmo uma macumba braba daquelas pra me cegar daquele jeito e não permitir que eu enxergasse a realidade. Mas, como dizem: Antes tarde do que nunca!
Aceite esta singela amostra do meu agradecimento por tudo aquilo que você significou para mim nos nossos últimos tempos juntos.
Espero que a sua vida tem progredido tanto quanto a minha.
Ainda coloco as pessoas que amo em primeiro plano mas pode crer que aprendi a me amar. Mesmo assim, obrigada pelo conselho.
Boa sorte!
Joyce
"Quanta maldade a sua!", pensava a Joyce com seus botões. Bem que ela sabia que a vida dele só andava pra trás. Ele saiu de casa com um carro zero do ano e em menos de oito meses estava com um Corsa ´97 e morando numa kitchenette alugada num bairro inferninho afastado do centro depois que se separou da amante oficial. Ainda bem que ele tinha outras amantes de reserva no banco. No ritmo que ele estava indo na certa estaria andando de ônibus logo, logo. Ou pior, a pé. Joyce não se conteve e soltou aquela gargalhada de 'Como você merece João! Como merece!" Ela vivia dizendo pra ele que o santo dela era forte. E como era! Joyce sentia uma verdadeira Annita! PODEROSA!
O taxista deu aquela buzinada avisando que chegara. A Joyce saiu carregando aquela enorme caixa mas no último instante pensou melhor e desistiu daquela ideia. Mas antes de sair do taxi ela deu todas as coordenadas ao motorista e perguntou quanto daria a corrida até o Centro. O taxista informou que não daria nem R$25,00. A Joyce retirou uma nota novinha de cem reais da sua carteira e deu ao motorista dizendo, "O troco é seu. Basta fazer o que lhe pedi a risco. Combinado Zé?" Obviamente que sim! Com uma gorjeta gorda daquelas ele seria capaz de fazer até um pouco mais!
Chegando no trabalho do João, o motorista se identificou na recepção e foi logo subindo para o 5° andar. Ainda faltavam vinte minutos para o almoço e o pessoal já dava aquele jeitinho na papelada em cima das mesas de trabalho. O Zé perguntou à recepcionista onde ficava a mesa do Seu João Costa. Ela apontou pra mesa perto da janela dos fundos e lá foi o Zé entregar aquela bela caixa com o cartão.
- Seu João Costa?
- Sim?
- Tenho uma encomenda para o senhor. Mas antes, leia o cartão, por favor.
Assim que o Zé entregou o cartão foi logo acionando o seu celular para registrar o exato momento que o Seu João abriu o cartão. Silenciosamente o cartão foi lido enquanto o Zé filmava tudo.
- Ah! Sabia que a Joyce não guardava nenhum rancor de mim! Ela sempre foi e será caidinha por mim. Tolinha a Joyce! Que tolinha!
Sorrindo escancaradamente e dando risadas que chamaram a atenção dos seus colegas, o João rasgou aquele papel de presente de primeiro mundo como se fosse o Natal. Todos naquele escritório tinham seus olhos fixados no João e naquele presente tão lindamente embrulhado.
Mas, qual não foi a surpresa quando o João retirou a tampa daquela caixa e um fedor horrível tomou conta daquele ambiente todo! Até o Zé que registrava o momento teve ânsia de vomito mas pensando na gorjeta ele aguentou o baque e continuou a sua missão.
O cheiro era insuportável! O que era mesmo? O Zé arriscou e deu uma cheiradinha ... Uiiiiiiiiiii! Parecia que era bacalhau podre! Aquele andar acabara de virar os quintos do inferno!
O João não aguentou e foi logo vomitando em cima da sua mesa forrada de papéis e projetos. Seus colegas mais próximos cujos estômagos também não aquentaram foram solidários para com o colega e vomitaram até as tripas. O fiel Zé aguentou tudo sem perder a pose e registrou o desastre todo naquele escritório. Ele deu uma geral com a cam do seu celular e finalizou dando um zoom no João e dizendo: Missão cumprida, Dona Joyce!
Antes de abandonar a cena do 'crime', o Zé foi abordado por uma mulher de aproximadamente quarenta e poucos anos. Ela agarrou o seu braço e com um leve sorriso nos lábios questionou: "Ei, me diga, você faz entregas assim sempre?" O Zé hesitou por um minutinho e disse, "Sim. É entrega especial pra todo tipo de ex. Ex-marido, ex-namorado, ex-amante, ex-chefe e qualquer ex que você queira retribuir algo." Os olhos daquela mulher simplesmente brilharam ao ouvir o Zé recitar aquilo. Ela foi logo pedindo o seu cartão. Ele entregou o seu cartão de taxista e mentiu que o outra havia acabado mas que poderia ligar sem problema pois seria atendida com o maior sigilo e prazer. Ela pegou o cartão, olhou bem e logo o guardou no vãozinho entre seus seios fartos, agradeceu e acrescentou que ligaria na manhã seguinte sem falta.
Chegando no elevador, o Zé foi logo entrando no seu Hotmail para enviar a prova de que tinha cumprido a sua missão dentro dos conformes. Digitou o e-mail da Dona Joyce, anexou o vídeo e clicou no 'ENVIAR'. Agora sim! Missão totalmente cumprida! O Zé saiu do elevador sorrindo à toa só de imaginar a cara de felicidade da Dona Joyce! Na certa estava se esbaldando de rir com a cena toda registrada. Ele teria que voltar pra conversar seriamente com ela sobre uma possível parceria em um novo empreendimento que certamente traria uma boa graninha extra para ambos. Quem sabe, se a Dona Joyce deixasse, ele colocaria o vídeo no You.Tube! Coitado do Psy! A concorrência ia ser soda pro 'Gangnam Style'!
É, há males que vêm para o bem!
Parece que se passou muito mais do que um ano desde o dia em que ele se foi, pensou a Joyce.
Aquele dia ela nunca fez questão em esquecer. Porque? Por que era o dia da sua libertação. Ele apenas a notificou: "Tô indo embora, Joyce." Estava indo por que queria seguir o seu caminho e ser feliz. Jurou que não havia outra. Ainda lhe deu um conselho: "Joyce, pára de pensar nos outros primeiro! Você não se ama mesmo. Sempre cedendo, sempre deixando suas vontades de lado. Vê se você se ama antes de amar aos outros, tá?" Pois é, Joyce! Custou a cair a ficha mas ela finalmente caiu e você entendeu com todas as letras: Já não existia mais nada entre vocês dois. NA-DA! Fim! Ponto final!
Ela soube pouco tempo depois que havia outra sim. Uma outra não. Várias outras. E no fundo, bem no fundo, a Joyce sabia porém, no seu mais intimo ela queria acreditar que era tudo fantasia da sua imaginação fértil. A cada nova revelação, ela ficava com raiva e o xingava de todos os nomes que jamais encontraria no Aurélio ou pelo menos não no Dicionário Aurélio Ilustrado.
Mas pra compensar, as suas noites já não eram mais aquele pesadelo todo. Nem as noites mal dormidas por que ele chegava bem tarde algumas noites e vinha com a mesma ladainha de sempre que tinha que prestar contas do evento ou festa com o seu chefe. Eram muitos detalhes, segundo ele, e ela acreditava, mesmo com aquela pequena desconfiança que roía suas entranhas. Também se preocupava demais com ele dirigindo por aí pois já eram altas horas e ele ainda 'trabalhando', fazendo um grande evento ou recepção. Só mesmo Deus sabe quem volta pra casa ou não. Um dia a sorte dele acabaria ou melhor, as orações que ela fazia deixariam de ser feitas e aí ele teria que tomar muito cuidado ao voltar pra casa sem a proteção dos santos a quem ela convocava para guiá-lo são e salvo de volta pra casa.
Dormir que nem um bebê novamente! Quem diria! Um luxo, uma delícia! Não ter apenas o lado esquerdo da cama para si mas sim, a cama todinha! E o melhor de tudo: SILÊNCIO TOTAL! Nenhum ronco! Pode ler até cair no sono com o seu abajur aceso e ainda ouvir sua rádio AM até dizer chega sem ouvir queixa nenhuma. Pensando bem, há males que realmente vem para o bem.
Não tinha melhor maneira do que esta para retribuir a nova vida que ele havia lhe proporcionado as vésperas do seu aniversário de casamento.
A Joyce se vestiu casualmente e se maquiou com cores discretas. Não queria uma maquiagem pesada. Longe dela ficar com cara de vulgar aquela hora do dia. Ligou pro ponto de táxi próximo da sua residência e enquanto aguardava, deu os toques finais naquela caixa embrulhada em papel de presente importado da cor roxa com uma linda fita preta. Ah! Não poderia esquecer o cartão!
Caro João,
Quero lhe agradecer pelo primeiro ano da minha libertação. Sim! Libertação! Só mesmo uma macumba braba daquelas pra me cegar daquele jeito e não permitir que eu enxergasse a realidade. Mas, como dizem: Antes tarde do que nunca!
Aceite esta singela amostra do meu agradecimento por tudo aquilo que você significou para mim nos nossos últimos tempos juntos.
Espero que a sua vida tem progredido tanto quanto a minha.
Ainda coloco as pessoas que amo em primeiro plano mas pode crer que aprendi a me amar. Mesmo assim, obrigada pelo conselho.
Boa sorte!
Joyce
"Quanta maldade a sua!", pensava a Joyce com seus botões. Bem que ela sabia que a vida dele só andava pra trás. Ele saiu de casa com um carro zero do ano e em menos de oito meses estava com um Corsa ´97 e morando numa kitchenette alugada num bairro inferninho afastado do centro depois que se separou da amante oficial. Ainda bem que ele tinha outras amantes de reserva no banco. No ritmo que ele estava indo na certa estaria andando de ônibus logo, logo. Ou pior, a pé. Joyce não se conteve e soltou aquela gargalhada de 'Como você merece João! Como merece!" Ela vivia dizendo pra ele que o santo dela era forte. E como era! Joyce sentia uma verdadeira Annita! PODEROSA!
O taxista deu aquela buzinada avisando que chegara. A Joyce saiu carregando aquela enorme caixa mas no último instante pensou melhor e desistiu daquela ideia. Mas antes de sair do taxi ela deu todas as coordenadas ao motorista e perguntou quanto daria a corrida até o Centro. O taxista informou que não daria nem R$25,00. A Joyce retirou uma nota novinha de cem reais da sua carteira e deu ao motorista dizendo, "O troco é seu. Basta fazer o que lhe pedi a risco. Combinado Zé?" Obviamente que sim! Com uma gorjeta gorda daquelas ele seria capaz de fazer até um pouco mais!
Chegando no trabalho do João, o motorista se identificou na recepção e foi logo subindo para o 5° andar. Ainda faltavam vinte minutos para o almoço e o pessoal já dava aquele jeitinho na papelada em cima das mesas de trabalho. O Zé perguntou à recepcionista onde ficava a mesa do Seu João Costa. Ela apontou pra mesa perto da janela dos fundos e lá foi o Zé entregar aquela bela caixa com o cartão.
- Seu João Costa?
- Sim?
- Tenho uma encomenda para o senhor. Mas antes, leia o cartão, por favor.
Assim que o Zé entregou o cartão foi logo acionando o seu celular para registrar o exato momento que o Seu João abriu o cartão. Silenciosamente o cartão foi lido enquanto o Zé filmava tudo.
- Ah! Sabia que a Joyce não guardava nenhum rancor de mim! Ela sempre foi e será caidinha por mim. Tolinha a Joyce! Que tolinha!
Sorrindo escancaradamente e dando risadas que chamaram a atenção dos seus colegas, o João rasgou aquele papel de presente de primeiro mundo como se fosse o Natal. Todos naquele escritório tinham seus olhos fixados no João e naquele presente tão lindamente embrulhado.
Mas, qual não foi a surpresa quando o João retirou a tampa daquela caixa e um fedor horrível tomou conta daquele ambiente todo! Até o Zé que registrava o momento teve ânsia de vomito mas pensando na gorjeta ele aguentou o baque e continuou a sua missão.
O cheiro era insuportável! O que era mesmo? O Zé arriscou e deu uma cheiradinha ... Uiiiiiiiiiii! Parecia que era bacalhau podre! Aquele andar acabara de virar os quintos do inferno!
O João não aguentou e foi logo vomitando em cima da sua mesa forrada de papéis e projetos. Seus colegas mais próximos cujos estômagos também não aquentaram foram solidários para com o colega e vomitaram até as tripas. O fiel Zé aguentou tudo sem perder a pose e registrou o desastre todo naquele escritório. Ele deu uma geral com a cam do seu celular e finalizou dando um zoom no João e dizendo: Missão cumprida, Dona Joyce!
Antes de abandonar a cena do 'crime', o Zé foi abordado por uma mulher de aproximadamente quarenta e poucos anos. Ela agarrou o seu braço e com um leve sorriso nos lábios questionou: "Ei, me diga, você faz entregas assim sempre?" O Zé hesitou por um minutinho e disse, "Sim. É entrega especial pra todo tipo de ex. Ex-marido, ex-namorado, ex-amante, ex-chefe e qualquer ex que você queira retribuir algo." Os olhos daquela mulher simplesmente brilharam ao ouvir o Zé recitar aquilo. Ela foi logo pedindo o seu cartão. Ele entregou o seu cartão de taxista e mentiu que o outra havia acabado mas que poderia ligar sem problema pois seria atendida com o maior sigilo e prazer. Ela pegou o cartão, olhou bem e logo o guardou no vãozinho entre seus seios fartos, agradeceu e acrescentou que ligaria na manhã seguinte sem falta.
Chegando no elevador, o Zé foi logo entrando no seu Hotmail para enviar a prova de que tinha cumprido a sua missão dentro dos conformes. Digitou o e-mail da Dona Joyce, anexou o vídeo e clicou no 'ENVIAR'. Agora sim! Missão totalmente cumprida! O Zé saiu do elevador sorrindo à toa só de imaginar a cara de felicidade da Dona Joyce! Na certa estava se esbaldando de rir com a cena toda registrada. Ele teria que voltar pra conversar seriamente com ela sobre uma possível parceria em um novo empreendimento que certamente traria uma boa graninha extra para ambos. Quem sabe, se a Dona Joyce deixasse, ele colocaria o vídeo no You.Tube! Coitado do Psy! A concorrência ia ser soda pro 'Gangnam Style'!
É, há males que vêm para o bem!