A caçada
Altas horas da noite, todo o lugar está coberto por uma espeça camada escura tão densa que não consigo enxergar nem um palmo a frente de minha fuça.
Está tudo em silêncio, meus olhos pesavam, estou entorpecido pelo sono, quando aquela monotonia magnifica é interrompida por um barulho nem alto nem baixo, porém muito conhecido por minha pessoa, um barulho que particularmente eu odeio...
Sim ele voltou essa noite, essa fera asquerosa, que perturba minha paz tirando meu sono, de forma mais chata e efetiva e perturbadora do que fazer o fechamento do imposto de renda. Mas hoje estou bem preparado, não vou desperdiçar essa oportunidade.
O ruído insuportável é constante, com isso já estou de pé caminhando sorrateiramente, pronto para matar o bicho com apenas um golpe e assim por um fim nessa tormenta que pendura noite após noite.
Caminho silenciosamente em direção a ele, a cada passo dado, o barulho do bicho aumenta, com isso meu nervosismo dispara, minha respiração fica pesada e inconstante. Minhas mãos estão tremulas, a hora chegou, é agora a chance que tenho de dar fim a esse maldito e então um estalo... TÁááááá... ecoa por todo lugar, logo após o silencio volta a reinar todo majestoso.
Volto para cama, solto meu chinelo a beira do criado mudo, deito-me, fecho os olhos, me sinto transbordando com o prazer de ter recuperado o sossego de volta, quando... Criik, criiik, criik... rompe o silencio e acaba novamente, com minha bela paz, abro os olhos, emputecido de raiva, olho para o relógio digital do rádio, vejo que é 3:15 da manhã, solto um longo suspiro lamentoso e digo:
- Puta que pariu, esse grilo desgraçado não morreu? Eu desisto, amanhã eu tento matar ele, mas hoje não dá mais, eu tenho que dormir, eu preciso dormir, eu quero dormir, senão eu perco a hora amanhã, grilo filho de uma puta, hoje você escapou, mas da próxima você não passa!