"Regabofes"
“Regabofes”
O casal Flav convidado para um “regabofes” familiar, livre, gratuito, recusa sem uma desculpa convincente , apreciadores que são de programas desta natureza, posto que oportunizam novas amizades, coisas que muito prezam. “Não, obrigado”. “Vamos ficar em casa, o dia está frio, melhor ficar de molho, curtir”.
Difícil acreditar. Perder uma boca livre?
Num dia opaco, de manhã de pouco sol, uma brisa fria que está a anunciar fim de estação próximo, sem nenhum programa e de repente, inesperadamente declinar um convite, para um “regabofes”, deliciar-se com tenras e malpassadas proteínas de origem animal, tostada ao calor de carvão vegetal em brasas, “molhar o bico”, livremente?
Difícil acreditar.
Mas, este domingo que mal começara, reservava surpresas maiores. À casa de um anfitrião generoso, implorante até, chegam visitas não aguardadas, que são prontamente convidadas a reunir-se aos da casa, para a tal “comezaina”, o que, para surpresa geral, também declinaram do convite.
Difícil, ainda, acreditar. Perder uma boca livre?
Esse pessoal não bate bem! Afinal, em que mundo estamos, ou o que há de estranho, ou quem sabe-se lá o quê, que estão a recusarem o “regabofe”, livre, farto... Gratuito?
O convescote seria reservado casa nova,, num amplo ambiente, o belo alpendre, arejado, panorâmico, com uma bela vista, para os morros ao longe, cobertos por pouca vegetação rasteira, violada aqui e acolá por casas, prédios, ruas as serpenteá-las, proporcionavam uma paz, que até aonde a vista alcança, estimula cobiças a morar num lugar igual. A tranquilidade estimulava e aguçava apetites, à olhos gulosos, para as proteínas, que pela ação do calor, estavam exalando odores deliciosos. Odores salgados e gordurosos. Lipídios à solta, a turbinar o colesterol ruim, mal que atormenta os “bem de vida”, seres que, afortunadamente, fazem, amiúde, três refeições ao dia e, pode dar-se a este luxo. Difícil acreditar que poucas, pouquíssimas pessoas podem usufruir dessas benesses.
Mesmo com as recusas o “regabofes”, iniciou-se com os “da casa”, o ritmo fraco, sem graça, frio. Alegre, em paz. Bebidas servidas, tagarelices soltas – futebol, política, necas, poucos afeitos-, a ecoarem em decibéis generosos, despertando interesses na vizinhança, mas nenhum vizinho ousava ser um penetra. Convidados não apareceram. Poucos à mesa, a labutar o churrasqueiro ao redor do fogão, da churrasqueira. Aliás, nome perfeito: Churrasqueira. Tijolos refratários, espetos fixos e rotativos, também uma grelha. Aço inox. Espetos e grelha cobertos por farta quantidade de proteínas ricas em lipídios, que rapidamente mudavam de cor, de um vermelho sangue, para esbranquiçado/dourado, gorduras a pingar e, ao contato com o carvão em brasas, que se evaporam , transformando-se em brancas fumaças, fumaças de odores agradáveis. Com o tempo a “voar”, gatos pingados, aproximam-se ao redor da grande mesa, em madeira nobre, ao estilo “fazenda” com longos e robustos bancos, com toque do mais fino gosto rústico. Primeiros a se achegarem daquele maciço de madeira polida, famélicos genitores daquele generoso anfitrião, observava-o, que se esmerava orgulhosamente e com rara e desconhecida habilidade, que se ocupava dos serviços de “churrasqueiro”, do principio ao fim. Qual seja: a partir da escolha/ compra das proteínas animais – aves, suínos, bovinos-; temperos ao ponto, pão de alho, bem como também de dirigir a moderna churrasqueira .Famélicos, e de olhos gulosos, cobiçavam e muito reservadamente, beliscavam algumas “lasquinhas” de carne, a título de provar os níveis do sódio adicionado aos bocados.” Huuummm....Está no ponto”!
Os genitores do anfitrião... Ah, os genitores! Ufa... Difícil! Mais ainda, por estarem a fazer restrições a vários tipo de alimento. Só podem arroz integral, legumes, nada de carboidrato! Carnes vermelhas, pouca, preferencialmente carnes brancas “Não posso isso, não posso aquilo..”. “Bebidas alcoólicas nem pensar!”
Difícil acreditar, “regabofes” com restrições? A “coitada” da dona da casa, aflita para satisfazer essas exigências, se esforçava, será que estava agradando? “Esses velhos, pobres velhos...”
“Mas, e o “regabofes”, quente, animado, cheio de convivas, afinal, que horas que começa? - perguntam” De repente, com se tivessem pronunciado a palavra mágica, informam que o casal Flav, que enfim e, pensando melhor, bem como também para não fazer desfeita ao generoso anfitrião e compadre, resolveu abandonar o “declinar” , e adotar o mais razoável, “aceitar, o “regabofes”, estão para chegar. Lalá, serelepe à frente , às mãos, uma vasilha cheia de fresco salpicão de sua lavra, como troféu e como um belo abra alas, adentra seguido pelo esposo rechonchudo, ao ambiente, já a essa altura pré aquecido, já àquela altura , regrado a bebida fermentada, loira, gelada da marca Skol. Sai também uma bebida destilada – Tequila, que Lalá se aventura a provar. Sal, suco de limão nas mãos em concha, uma generosa dose num esbelto cálice; ponta da língua a tocar o sal e o suco, uma gole. Grrr! “Não, não pegou bem, desceu meio quadrado, reclama.”
O vinagrete está a ser preparado à quatro mãos – nora e sogra -, demorou o preparo, não chegou a tempo. Acontece.
Também é... Difícil acreditar.. .Deixar uma carninha queimada para degustar cebola, pimentão, cheiros verdes, tomate { não o com preços inflacionados}, azeite a 0,3% de acidez... Tem gente que gosta, e é devido!
“Flav, cerveja à R$ 40,00 o caneco? Nem pensar”! Esse “Pantera” é sabido, aliás, como é o seu homônimo animal, felino de grande porte e feroz”, comenta alguém.
Passado um tempinho, o “regabofe” corre solto. Fatias de carne quentinha circulam em pratinhos. Avançam garfos, facas, mãos, dedos. Todos á mesa, afastaram-se da churrasqueira. O pão de alho torradinho, cheiro adocicado. Bom, muito bom! Mas, e vinagrete?... Onde?
Churrasco, ora churrasco! Este está no ponto e sobrando.
É, mas saiu uma costela de vaca, magnificamente temperada assada no forno. Supimpa!
Mas e o churrasco?... Sim... Só para os “regabofes”.
Difícil acreditar que estou ocupado a escrever, no meio dessa tagarelice toda, estas bobagens, ousando classificá-la de “Causo”, sentado “naquela mesa”... “ Não está faltando ele”, absorto, concentrado e distraído no meio de tanta carne.
Papo furado, paro por aqui.
BNandu set/2013