OS TRÊS VIAJANTES
Contam pelos confins deste mundão, que existiam três amigos viajantes, que zanzavam por todo canto sempre juntos. Acontece que um sabia que o outro era muito ambicioso e como seus pais diziam deles: - Fulano é muito ganancioso, se depender do "olho maior que a barriga" esse vai ficar rico, sem deixar pra ninguém.
Assim eram os três, se eram: amigos, amigos; isso eu não sei, mas que só viajavam junto lá, isso era verdade !
Se um caçava um coelho para o almoço dava um jeito e fazia um fogo, assava o bicho e comia sozinho, para não dividir com os outros. Só, que o mesmo acontecia com os outros dois, que um comia escondido do outro. Eram de amargar!
Esses três se chamavam: Polidoro, Altamiro e Gumercindo.
Eles, faziam das suas, mais davam risadas, porque na verdade, cresceram juntos e isso que faziam achavam que não era mais do que uma molecagem. E o tempo foi passando, passando, de 18 anos chegaram aos 25 e lá por volta dos trinta, diferença pouca de idade entre eles, acharam que o tempo estava passando muito rápido e eles só vivendo de peões, repontando uma boiada aqui, outra ali, levando uma tropa de cavalos para lá, outra para cá e dinheiro grosso mesmo que é bom, não entrava nas algibeiras.
Altamiro, um pouco mais velho deles, falou um dia, que tinha se engraçado com uma moreninha lá numa estância. Tivera com ela uns "trololós" e falou para os outros: - "Ô dois peão"! E se nós quisesse casar um dia, como a gente ia fazer, sô! Polidoro disse: - Não faço nem ideia, só penso se o sogro for rico, aí tá resolvido a parada. Gumercindo o mais novo falou: Sabe, seus bacana! Eu, de minha parte, ainda tenho esperança de ficar rico!
Foi só risada de Altamiro e Polidoro, este, escândaloso, dava umas gargalhadas que parecia que estavam rachando taquara. Gumercindo disse: - Esperem só, um dia vocês vão ver!
Passou mais um ano nessa vida de peões, quando viram o "Seu" Juvenal, conhecido avarento daquelas bandas por onde sempre passavam. Solteirão com mais de 90 anos, nunca casou para não dividir nada com mulher, nem filhos. Vivia numa taperinha caindo aos pedaços e sempre vestindo aquela roupa de: "bate, enxuga, lava e não quara". Remendado, descalço, barbudo e cabeludo, parecia um bicho do mato. Fazer a barba, cortar cabelo, comprar sapatos, custa dinheiro. Morria, mas não gastava. Comer então só mandioca. Cozida sem tempero nem sal, com água do riacho, num fogão de tijolos amontoados num canto.
Altamiro era o mais velho, mas o mais esperto era Polidoro que observou: Ocêis viro o véio Juvená? Tava vindo do bosquinho, com uma pá nas mão...! - Qui que tem isso hóme; o véio foi arrancá mandioca...! Na, Nani, Na, Não! O mandiocá do véio é distrais da Tapera e só lá, pra ele vigiá.
Ocê tem razão Polidoro, e a pá tava suja de terra escura, sem areia! - O que ocê acha Gumercindo?
Gumercindo que sonhava com dinheiro e em ficar rico, arriscou: - O véio Juvená foi enterrar seu tesouro!!
Os três deram um sapateado que nem catira, e gritaram: - Seguuraa peãoooo!!
O engraçado é que eles falavam com sotaque só mesmo quando estavam cochichando ou confabulando. Em voz alta, talvez por vergonha das moças, falavam mais direitinho. Mas o que fizeram mesmo, foi ir até o bosque e fuçaram até achar terra mexida recente. Credo! - Disse Altamiro, até parece sepultura! Mas cavocaram com um facão e lá estava uma bruaca coberta de couro de cabra. Abriram e quanta moeda de ouro, até a boca. Tinha alguma que não valia nada mas era merreca !
Bem mais tarde, - o que viram foi pela manhã -, sentiram fome.
Quando são mais de um e tem um mais novo no meio, quem é que vai fazer um serviço? Acertou. E lá vem a ordem:
- Gumercindo vai até a vila buscar três salames e
três filões de pão e alguma coisa pra gente beber.
- Tá certo!
Mas durante o caminho, foi dando tratos à bola, pensamentos sinistros! - Porque não ir até a farmácia comprar uma seringa, injetar veneno em dois salames e no dele não! Comerão e morrerão e eu ficarei rico como sempre sonhei... Com o tesouro só meu...!
O que Gumercindo não sabia era que Altamiro e Polidoro também deliberaram assassiná-lo e dividirem o tesouro entre si.
Quando Gumercindo chegou, lhes disse, vocês sabem da última? Passei pela taperinha e uns curiosos por lá me disseram que o velho Juvenal esticou as canelas já faz uns três dias, tá cheirando mal...
- Que ótima noticia não é mesmo Gumercindo, agora o tesouro é nosso sem roubar. Disse Polidoro, enquanto pelas costas Altamiro apunhalava Gumercindo matando-o.
Uma morte não tira a fome de assassinos: sentaram e comeram gulosamente os salames tirando nacos do pão. Estrebucharam e roxearam, morrendo os dois.
Dizem que jamais foi encontrado o fabuloso tesouro do velho Juvenal, que acabou virando lenda.
Contam pelos confins deste mundão, que existiam três amigos viajantes, que zanzavam por todo canto sempre juntos. Acontece que um sabia que o outro era muito ambicioso e como seus pais diziam deles: - Fulano é muito ganancioso, se depender do "olho maior que a barriga" esse vai ficar rico, sem deixar pra ninguém.
Assim eram os três, se eram: amigos, amigos; isso eu não sei, mas que só viajavam junto lá, isso era verdade !
Se um caçava um coelho para o almoço dava um jeito e fazia um fogo, assava o bicho e comia sozinho, para não dividir com os outros. Só, que o mesmo acontecia com os outros dois, que um comia escondido do outro. Eram de amargar!
Esses três se chamavam: Polidoro, Altamiro e Gumercindo.
Eles, faziam das suas, mais davam risadas, porque na verdade, cresceram juntos e isso que faziam achavam que não era mais do que uma molecagem. E o tempo foi passando, passando, de 18 anos chegaram aos 25 e lá por volta dos trinta, diferença pouca de idade entre eles, acharam que o tempo estava passando muito rápido e eles só vivendo de peões, repontando uma boiada aqui, outra ali, levando uma tropa de cavalos para lá, outra para cá e dinheiro grosso mesmo que é bom, não entrava nas algibeiras.
Altamiro, um pouco mais velho deles, falou um dia, que tinha se engraçado com uma moreninha lá numa estância. Tivera com ela uns "trololós" e falou para os outros: - "Ô dois peão"! E se nós quisesse casar um dia, como a gente ia fazer, sô! Polidoro disse: - Não faço nem ideia, só penso se o sogro for rico, aí tá resolvido a parada. Gumercindo o mais novo falou: Sabe, seus bacana! Eu, de minha parte, ainda tenho esperança de ficar rico!
Foi só risada de Altamiro e Polidoro, este, escândaloso, dava umas gargalhadas que parecia que estavam rachando taquara. Gumercindo disse: - Esperem só, um dia vocês vão ver!
Passou mais um ano nessa vida de peões, quando viram o "Seu" Juvenal, conhecido avarento daquelas bandas por onde sempre passavam. Solteirão com mais de 90 anos, nunca casou para não dividir nada com mulher, nem filhos. Vivia numa taperinha caindo aos pedaços e sempre vestindo aquela roupa de: "bate, enxuga, lava e não quara". Remendado, descalço, barbudo e cabeludo, parecia um bicho do mato. Fazer a barba, cortar cabelo, comprar sapatos, custa dinheiro. Morria, mas não gastava. Comer então só mandioca. Cozida sem tempero nem sal, com água do riacho, num fogão de tijolos amontoados num canto.
Altamiro era o mais velho, mas o mais esperto era Polidoro que observou: Ocêis viro o véio Juvená? Tava vindo do bosquinho, com uma pá nas mão...! - Qui que tem isso hóme; o véio foi arrancá mandioca...! Na, Nani, Na, Não! O mandiocá do véio é distrais da Tapera e só lá, pra ele vigiá.
Ocê tem razão Polidoro, e a pá tava suja de terra escura, sem areia! - O que ocê acha Gumercindo?
Gumercindo que sonhava com dinheiro e em ficar rico, arriscou: - O véio Juvená foi enterrar seu tesouro!!
Os três deram um sapateado que nem catira, e gritaram: - Seguuraa peãoooo!!
O engraçado é que eles falavam com sotaque só mesmo quando estavam cochichando ou confabulando. Em voz alta, talvez por vergonha das moças, falavam mais direitinho. Mas o que fizeram mesmo, foi ir até o bosque e fuçaram até achar terra mexida recente. Credo! - Disse Altamiro, até parece sepultura! Mas cavocaram com um facão e lá estava uma bruaca coberta de couro de cabra. Abriram e quanta moeda de ouro, até a boca. Tinha alguma que não valia nada mas era merreca !
Bem mais tarde, - o que viram foi pela manhã -, sentiram fome.
Quando são mais de um e tem um mais novo no meio, quem é que vai fazer um serviço? Acertou. E lá vem a ordem:
- Gumercindo vai até a vila buscar três salames e
três filões de pão e alguma coisa pra gente beber.
- Tá certo!
Mas durante o caminho, foi dando tratos à bola, pensamentos sinistros! - Porque não ir até a farmácia comprar uma seringa, injetar veneno em dois salames e no dele não! Comerão e morrerão e eu ficarei rico como sempre sonhei... Com o tesouro só meu...!
O que Gumercindo não sabia era que Altamiro e Polidoro também deliberaram assassiná-lo e dividirem o tesouro entre si.
Quando Gumercindo chegou, lhes disse, vocês sabem da última? Passei pela taperinha e uns curiosos por lá me disseram que o velho Juvenal esticou as canelas já faz uns três dias, tá cheirando mal...
- Que ótima noticia não é mesmo Gumercindo, agora o tesouro é nosso sem roubar. Disse Polidoro, enquanto pelas costas Altamiro apunhalava Gumercindo matando-o.
Uma morte não tira a fome de assassinos: sentaram e comeram gulosamente os salames tirando nacos do pão. Estrebucharam e roxearam, morrendo os dois.
Dizem que jamais foi encontrado o fabuloso tesouro do velho Juvenal, que acabou virando lenda.