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UM SALTO DE PARAQUEDAS
UM SALTO DE PARAQUEDAS
Saltar de paraquedas era um antigo sonho de Leda.
Demorou alguns anos para reunir coragem e dispor-se á grande façanha, mas naquela ensoloarada manhã, resoluta, encaminhou-se para o campo onde se realisavam os saltos.
Assim que começaram os preparativos, as instruções, e que ela sentiu que se aproximava o momento, começou a ficar nervosa, subiu no avião sentindo que as mãos começavam a ficar geladas e quando lá no alto foi aberta a porta para os saltos, um pavor a dominou. Apesar da recomendação para não olhar para baixo ela olhou e o infinito espaço que a separava da terra a apavorou.
Eram seis pessoas para saltar e ela era a terceira, mas assim que a primeira pulou ela descontrolou-se tentou impedir que o segundo pulasse e quando chegou a sua vez teve um peti. Agarrou-se na porta, recusando-se a pular e chegou a xingar o acompanhante que tentava acalmá-la.
Aos berros nao se dispunha a pular nem deixava o espaço para os outros pularem e foi com muito custo que conseguiram fazê-la sentar onde ficou chorando desesperadamente até que terminados os saltos o avião desceu. Só caiu em si quando pisou a terra firme e, é claro, ficou muito envergonhada do papelão que fizera.
Foi por vários dias a piada para os familiares e amigos o que a deixou cada vez mais chateada e então tomou uma decisão. Ela ia tentar novamente e dessa vez ia conseguir.
Os amigos se divertiram com o episódio e fizeram até uma aposta. Leda pula ou não pula?
E ela foi mais uma vez marcar o dia, pagar, a brincadeira custava caro e ela já tinha perdido uma vez, mas, não seria por isso, ela agora estava determinada. Pulave nem que fosse para morrer, da queda ou do medo.
Ela esperava não ser reconhecida, mas o rapaz que devia saltar com ela na outra vez, assim que a viu veio todo sorridente dizer que seria novamente seu acompanhante e que desta vez ela ia conseguir.
Pela enésima vez explicou que os saltos eram muito seguros, que já aconpanhara mais de cem pessoas e que nunca houvera qualquer incidente que pudesse assustar.
--- Será que sou a única medrosa neste mundo?
---Não, os medrosos nem cogitam de saltar, você se assustou um pouco porque era a primeira experiencia e a altura assusta mesmo quem não está acostumado com ela. Todos tem um pouco de medo, mas depois veem que a experiencia é segura e muito gratificante.
E novamente lá estava a Leda dentro do avião, atrelada ao paraquedista, com as mãos frias e o coração disparado.
Não, ela não tinha coragem mesmo. Mas desta vez ia se comportar, Não ia fazer escândalo, simplesmente declarou que não ia saltar e não saltou.
O moço insistiu um pouco, mas diante de sua recusa deixou por isso mesmo.
Novas caçoadas, novas brincadeira e a Leda mais frustrada que nunca.
Poxa! Se tanta gente pulava, com medo ou sem medo todos realizavam seu desejo de voar, por que ela não havia de conseguir?
Da segunda vez, mesmo com medo, conseguiu se controlar. Não pulou, mas a coisa já lhe pareceu menos apavorante. Ela ia de novo e desta vez para pular.
Para evitar brincadeiras não contou para nunguem. Foi às escondidas e depois de todas as preliminares, atrelada ao paraquedista, sentiu outra vez o medo paralizante. Mas ela estava decidida.
Quando chegou sua vez, fechou os olhos e foi.
A queda livre foi desesperadora, mas quando o paraquedas abriu e ela sentiu-se flutuar teve a sensação mais maravilhosa deste mundo. Sensação de liberdade, de leveza e mais do que tudo de superação. Ela tinha vencido o medo!
Quando aterrizaram ela sentiu-se a criatura mais feliz deste mundo.
O rapaz parecia tão feliz quanto ela. Juntos haviam vencido!
---- Que tal tomarmos um cafézinho para comemorar?
Só então ela reparou como ele era simpático. Será que ele tem namorada?
Bobagem! Imagine se ele ia se interessar por uma medrosa feito ela.
Mas tomar aquele café com ele foi uma chave de ouro para sua aventura.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - UM SALTO DE PARAQUEDAS
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